A dois dias das eleições autárquicas, o Discurso Directo publica as respostas dos candidatos à Câmara Municipal de Arouca, a um conjunto de questões comuns colocadas pelo nosso jornal. As razões da candidatura, a visão sobre o município e as principais ações do programa eleitoral são algumas das questões respondidas por Margarida Belém (PS), Fernando Mendes (PSD/CDS-PP), Francisco Gonçalves (CDU), José Costa Gomes (PPM) e Victor Brandão (Nós Cidadãos). Fique com a entrevista a José Costa Gomes (PPM).
Discurso Directo (D.D.): Quais as razões objetivas que o levam a candidatar-se à Presidência da Câmara Municipal?
José Costa Gomes (J.C.G.): As razões objetivas, minhas e da candidatura PPM, para além do acto cívico e de cidadania, é o querermos pôr a nossa disponibilidade e a nossa criatividade ao serviço da nossa gente. Mas, é também um grito de revolta contra aqueles que pensam, que tudo sabem, que tudo fazem, que tudo querem. Esta candidatura tem na sua base elementos militantes, simpatizantes, eleitores do PS, do PSD, do CDS, do PPM e independentes. É uma candidatura intergeracional com grande aposta na juventude.
Das candidaturas mais faladas (e só o são porque gastam balúrdios de dinheiro nas suas campanhas, dinheiro esse que seria, na minha perspetiva, mais bem empregue no apoio aos muito carenciados que ainda existem na nossa terra, ou no apoio às muitas e boas instituições de solidariedade), uma parece-me a candidatura de uma mulher só e a outra que, vá lá saber-se porquê, agora o cabeça de lista quer passar despercebido.
Já antes fui candidato e não fui eleito vereador por meia dúzia de votos. Entendo que desta vez serei. É por isso altura de apelar a todos os que não se revêm nas outras candidaturas, que pensam que deve haver uma alternativa, que, pelo menos, deverá haver um fiel da balança, desta vez votem PPM!
D.D.: Que visão crítica tem sobre a realidade social, económica e política do município?
J.C.G.: A realidade económica e social de Arouca continua cinzenta. Este é um tema bastante vasto e difícil de retratar em poucas linhas. Resumidamente, somos os que temos menor poder de compra, menor retribuição pelo trabalho, maior dificuldade de acesso a transportes, saúde, entre vários outros indicadores, de entre os municípios que compõe a Área Metropolitana do Porto. Somos abandonados pelas nossas gerações mais jovens e qualificadas que aqui não encontram soluções para o seu futuro. Consequentemente, temos um elevado Índice de envelhecimento. Esta é uma realidade muito negativa da qual o Município parece não conseguir descolar, eterniza-se! Isto deve-se essencialmente à orientação política que o executivo tem continuadamente seguido e fugir dessa responsabilidade é negar a realidade. Na indústria, fulcral para combater várias dificuldades enumeradas, são necessárias políticas concretas de incentivo ao empreendedorismo, às PME, bem como um melhorar das condições das nossas zonas industriais. Acredito que a evolução industrial no nosso território se fará pelo talento e pela capacidade de trabalho dos arouquenses, pelo crescimento das suas empresas, não pela captação de investimento. A história mostra-nos que nos últimos trinta anos só por uma vez tivemos um investimento industrial relevante que passado pouco tempo nos abandonou, gerando graves consequências sociais e económicas, porque a restante indústria era incapaz de integrar tantas centenas de pessoas.
D.D.: Do programa eleitoral que propõe quais as ações que destaca?
J.C.G.: Todas as propostas do PPM tem em linha de conta a sustentabilidade das finanças municipais no presente e no futuro. Era cómodo para nós prometer tudo a todos a exemplo de outros candidatos, numa procura desesperada por votos. Destacamos das nossas propostas, reorganizar e rentabilizar a nossa floresta em colaboração com todos os interessados; apoiar a agricultura em todas as suas vertentes; apoiar os mais carenciados; garantir que nenhum jovem arouquense abandone os estudos devido à falta de capacidade financeira; reestruturar e redefinir competências da associação Geoparque.
D.D.: Consigo que «tipo» de Presidência de Câmara teremos?
J.C.G.: À minha semelhança: aberto, dialogante, frontal, acessível.
D.D.: O que é para si e para a força política que suporta a sua candidatura um bom resultado?
J.C.G.: Um bom resultado é ganhar as eleições, Câmara, Assembleia e nas Juntas onde concorremos. Não sendo possível, tirar maiorias, eleger representantes e se possível ser o fiel da balança, seria uma vitória para esta candidatura mas uma vitória ainda maior para os Arouquenses.
D.D.: Que conceção tem sobre as competências que podem e devem ter as juntas de Freguesia?
J.C.G.: As Juntas de Freguesia estão esvaziadas de funções. Este é um assunto que me preocupa, pois são quem melhor conhece as populações e os seus reais problemas. Entendo que devem ser dotadas de direitos e deveres, com a transferência de competências mas com a responsabilidade de responder por elas. No contexto atual, são muito dependentes economicamente das Câmaras o que limita as suas iniciativas. Há que mudar, responsabilizando.
D.D.: Quais os principais constrangimentos que hoje se colocam ao concelho?
J.C.G.: A inabilidade do Poder e as suas estratégias que é incapaz de criar um concelho mais rico e atrativo; as acessibilidades; o emprego qualificado; a desertificação das nossas aldeias; uma população envelhecida.
D.D.: …e os grandes desafios?
J.C.G.: O programa eleitoral do PPM parte da reflexão dos grandes desafios que o município tem de enfrentar nos próximos anos: manter a nossa identidade rural e rústica numa Área metropolitana essencialmente urbana; criar mais e melhores empresas, pois isso equivale a mais oportunidades, mais emprego, mais riqueza, a mais massa critica, a mais gente independente do poder político; investir na educação; facilitar o acesso à habitação, hoje uma enorme dificuldade para os jovens; melhorar as acessibilidades; continuar a ter finanças municipais equilibradas; combater o abandono das nossas gerações mais jovens; criar estruturas de suporte a uma população envelhecida e dinamizar a terceira idade mantendo-a ativa; aprofundar o conceito de família criando as condições necessárias para as manter juntas; criar condições favoráveis ao povoamento das nossas aldeias serranas; promover a reflorestação do município e melhorar a rentabilidade da floresta que hoje é um dos maiores empregadores do concelho; manter a nossa atividade agrícola melhorando-a; criar uma maior identidade concelhia através da cultura, do desporto e do associativismo.