O técnico liderou a equipa que subiu esta época de divisão.
Não foi um feito inédito. À exceção da época 2014/2015, em que a equipa de Juniores do FCA subiu pela primeira e única vez na sua história aos campeonatos nacionais, os três escalões mais jovens do clube têm, ao longo dos anos, deambulado entre a 1ª e 2ª divisão distrital da Associação Futebol de Aveiro.
No entanto, nada disso esmorece a conquista de uma equipa composta por 28 atletas, que contou no banco com um jovem treinador. Ernesto Quaresma, atualmente com 35 anos, tem desenvolvido um trabalho interessante no futebol jovem do concelho. Totalmente apaixonado pela modalidade e por todas as componentes físicas, técnicas, táticas e mentais que a mesma envolve, está há cerca de 10 anos consecutivos (entre o Centro Juvenil e o FCA) a treinar jovens atletas em Arouca.
DD. Como avalia a época 22/23, a subida de divisão foi um objetivo proposto pelo departamento da formação e estava definido desde o início?
EQ. O objetivo proposto para a equipa de Juvenis do FC Arouca, pela qualidade do plantel, era sem dúvida a subida de divisão. Foi uma época positiva, não só por termos cumprido o objetivo inicial, mas também pela evolução individual e coletiva da equipa nas suas qualidades físicas, técnicas, táticas e mentais. A evolução destes quatro fatores permitiu que a nossa ideia de jogo fosse crescendo ao longo da época. Foi sem dúvida uma época positiva facilitada pelo empenho, compromisso e capacidade de trabalho de todos os atletas.
DD. Com esta subida, os juvenis irão ser a única equipa das camadas jovens a marcar presença no principal escalão principal da Associação de Futebol de Aveiro, na próxima época. Tendo em conta que, a equipa sénior se encontra atualmente na I Liga profissional de futebol, não considera estes patamares pouco ambiciosos? O que acha que poderá mudar no futuro para um melhor reposicionamento da formação do clube?
EQ. É óbvio que, estando a equipa sénior num patamar profissional, o objectivo das equipas de formação é competir em campeonatos mais competitivos aumentado a exigência dos atletas e treinadores. Contudo, cabe a nós treinadores e coordenação exigir uma maior qualidade de treino para chegarmos a outro patamar competitivo. Este ano senti que a exigência foi maior, assim como as condições de trabalho e os recursos. Realço também a importância do futebol de 7 e de 9 onde todo o processo de formação de base se inicia, com um excelente trabalho do CJS Arouca. Aqui poderá estar o futuro da formação no futebol de 11, para atingir outros níveis de excelência se criarmos condições para os melhores atletas não saírem para outros clubes! A realidade é que competir em campeonatos nacionais exige mais da coordenação, treinadores e atletas mas não podemos deixar de ser ambiciosos e mesmo assim acreditar que alguns atletas podem chegar à equipa Sénior. A metodologia de treino, a capacidade de trabalho e o empenho são a base do sucesso. Temos de ser exigentes e aumentar a nossa qualidade de treino e num futuro próximo acredito que chegaremos lá.
DD. No teu plantel, em particular, achas que existe algum jogador com qualidade para outros voos, ou seja, que possa vir atingir um patamar profissional no futebol e até poder vir a ter uma oportunidade na equipa sénior?
EQ. Sem dúvida que tive o prazer de treinar atletas que podem chegar a um patamar profissional e, nomeadamente, à equipa sénior do FCA. Conheço perfeitamente a maior parte dos atletas e são muito fortes tecnicamente, fisicamente, taticamente e mentalmente. Só precisam que acreditem neles, que lhes transmitam confiança e qualidade de treino para continuarem a evoluir.
DD. Como treinador, tens vindo a desenvolver um trabalho constante no futebol jovem do concelho, quer no Centro Juvenil, quer no FCA. Pretendes manter-te nas camadas jovens ou sentes que estás preparado para outros projetos? Quais são as tuas ambições pessoais para o futuro?
EQ. Sinceramente não tenho pensado muito nisso, já treinei desde petizes até juvenis na formação, nomeadamente no CJS Arouca e FC Arouca. Adoro trabalhar na formação pela importância que posso ter na evolução do atleta partilhando todo o meu conhecimento. A única razão que me levaria a um patamar sénior, neste momento, era um projeto profissional. Mas o futuro só a Deus pertence e como apaixonado pelo futebol, e pelo treino, vou ser feliz a treinar, seja na formação, ou a nível sénior.
Fugindo agora à pergunta, aproveito também para agradecer a toda a coordenação, Paulo Cerqueira e Tiago Pinho, ao meu adjunto Daniel Gomes, ao meu diretor Joaquim Júlio, ao treinador de guarda-redes Marco, ao departamento médico Inês e Ivo Correia e ao Vítor do departamento físico. Agradeço também a todos os pais e adeptos que nos acompanharam e, claro, aos meus jogadores.
Como dizia aos meus atletas, durante a época, todos os jogos eram uma folha em branco e no fim iríamos escrever uma história que felizmente acabou com um final feliz!
Entrevista: Luís Teixeira