Vasco Seabra: “Por vezes é difícil dar este salto para sair do sítio que é mais incómodo”

No final do empate a uma bola frente ao Gil Vicente, o treinador do FC Arouca, Vasco Seabra analisou a partida, apontou a importância da paragem devido ao nevoeiro e abordou ainda a falta de ligação entre setores, especialmente no centro de meio campo. Apesar de terminar o ano civil em último lugar, o técnico mantém a crença nos sinais que os jogadores lhe transmitem. Estas foram as palavras do técnico:

  • Importância da paragem para o desfecho final e análise ao encontro

“Deu-nos a possibilidade de falar com os nossos jogadores, fazer uma alteração estrutural à equipa e tentarmos atacar com um bocadinho mais de gente, sendo mais agressivos na procura do golo.

Eu penso que todo o jogo foi equilibrado, até aos 78 minutos, creio que não era propriamente justo o Gil estar na frente. O golo que sofremos é um golo de bola parada, estranho até, com ressaltos, quase que chega a bola ao Nico (Mantl). Estamos naquela fase um bocadinho de que qualquer coisa pende sempre para a bola entrar na nossa baliza. Temos também as situações da primeira parte, em que o Andrew faz duas defesas fantásticas e acabamos por não  conseguir ser nós a passar para a frente do marcador.

Acho que o jogo foi, todo ele, equilibrado, sendo que nós estávamos com uma atitude muito positiva no jogo. Ou seja, as intenções individuais e coletivas eram muito positivas, mas com um grau de ansiedade também alto. A equipa com muita vontade que as coisas acontecessem muito depressa, com algumas decisões um bocadinho nervosas.

Este período, aos 78, acabou por nos permitir introduzirmos o Puche, que nos permitiu ser um ala a jogar como lateral, mas partindo logo na construção muito profundo. Deixamos de construir a três para estar a construir a dois+um. Também colocamos o Fukui entrelinhas, acabamos por juntar o Trezza e o Yalçin mais nos centrais, para sermos mais agressivos na profundidade e depois o Jason e o Pablo mais jogadores interiores, dando liberdade para termos gente por fora e aumentarmos o grau de ataque à profundidade. Já sabíamos que o Gil ia acabar por tentar reforçar um pouco mais atrás.

Acabamos por conseguir (o golo), mas essencialmente temos de valorizar também que, esta fase, já sabíamos que por vezes é difícil dar este salto para sair do sítio que é mais incómodo. Mas a atitude dos nossos jogadores leva-nos a esta convicção e crença. Hoje não conseguimos fazer os três pontos, fomos resgatar um. É de amealhar, nos últimos três jogos fizemos quatro pontos, temos que nos agarrar a isso e tentar ir ao Bessa buscar os pontos que não conseguimos fazer aqui”

  • O que se diz à equipa na pausa?

“Apelamos àquilo que é a nossa confiança neles. Hoje, conseguimos fazer uma coisa que, por vezes, não é fácil. No jogo do Casa Pia, sofremos o golo e, no minuto a seguir, sofremos outro. É um momento que quase nos retira do jogo, nós depois ainda temos a convicção de que vamos conseguir alterar, mas já ficamos longe. Estamos a lidar com jogadores profissionais que sentem o clube. Por estarem a sentir o clube, sentem um bocadinho mais esta ansiedade. Temos de saber lidar com ela, sabendo que vai estar presente em nós.

Aquilo que nós procuramos nessa pausa foi fazer ver aos nossos jogadores para onde queremos ir, o que somos enquanto equipa e jogadores individualmente e aquilo que temos capacidade para fazer. A forma como treinam todos os dias, a forma como competem, tentamos resgatar um bocadinho isso.

Nós acreditamos muito uns nos outros e acho que acabamos por, emocionalmente, conseguir ir busca-los. Felizmente, conseguimos ir resgatar um, infelizmente não conseguimos ir aos três.”

  • Alguma falta de ligação entre setores, especialmente no centro de meio campo

“Sentimos essencialmente que as nossas ligações internas, seja a do Trezza, seja a do Esgaio a vir para dentro com o Trezza a vir para fora, com o Sylla mais à esquerda e o outro, seja o Trezza ou o Esgaio, a poderem encontrar esse espaço para ligar com os médios e ficarmos quase com um meio campo a quatro para tentarmos ganhar essa superioridade ao Gil. Acabamos por sentir que, em alguns momentos, essa ligação não estava a sair fluída. Nós conseguíamos atrair a pressão do Félix (Correia), chegada à frente com o Aguirre, que era aquilo que nós queríamos para o Chico (Lamba) ter alguma progressão com bola e podermos esconder o Pedro (Santos) para que ganhássemos mais um homem porque não estávamos a conseguir essa ligação.

Essencialmente porque o primeiro passe não estava a sair e sentimos que esse primeiro passe não estava a sair para batermos a pressão e conseguirmos depois desbloquear com um desses dois por trás. A espaços, ela apareceu, mas não foi tão fluída como com o Santa Clara, onde conseguimos desmontar por aí. O nosso posicionamento nem sempre foi o mais ajustado para conseguir ir buscar esse espaço, mas depois, com a entrada do Pablo, já fomos buscar o espaço entrelinhas.”

Texto: Simão Duarte

Foto: Ana Margarida Alves

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