Arouca traz à memória nome de terra, de paisagens deslumbrantes, de rios de água cristalina que cavaram vales férteis e verdes, de serranias agrestes mas únicas, de doçaria singular: Pão de Ló, melindres, castanha, a terra da castanha, da arouquesa brava que se alimenta na serra agreste, sem rações nem alterações genéticas…ainda.
O vale, a meia encosta e os planaltos serranos, cobrem-se de flora variada e florida a cada passagem sazonal. Cada visita é uma surpresa, um encanto, um deslumbramento, que apetece sempre visitar de novo.
Terra de um povo que fez Brasis, singrou na vida, desenvolveu o comércio e a indústria, quase sempre em terra estranha, que lutou em África e por lá morreu, que na fuga "clandestina" ao fascismo e à miséria demandou França e arredores, a preparar a integração Europeia que nos abraça, nos aflige, nos anima e nos ameaça a identidade.
Com uma História que remonta a tempos pré-Nacionais, Arouca foi um espaço territorial com identidade própria, muitos séculos antes de ser concelho.
O mais antigo documento conhecido com referência a Arouca (Aravoca), data do século VI e encontra-se no "Paroquial Suévico".
Uma vez adquirida a qualidade emancipadora, cuja certidão de nascimento lhe foi conferida em 1513, foi-se autonomizando das tutelas que o agrilhoavam, em jornada longa pelos séculos adiante, até atingir a actual configuração territorial e administrativa, cujas fronteiras definitivas remontam a 1917.
O seu destino, isto é, a decisão respeitante à escolha plena e livre dos representantes de todos, para o exercício do Poder local, só foi conferida a todos os seus filhos residentes, com a institucionalização do voto democrático, livre e universal, após a Revolução dos Cravos que em 25 de Abril de 1974, pôs fim ao exercício ilegítimo do poder.
Fazer a História de uma terra com tanta História, seria puro lirismo.
Nestas páginas, pretendemos somente relevar alguns dos episódios que nos parecem os mais marcantes, desde o distante passado até aqui. Com os naturais condicionalismos de espaço, a escassez de fontes e o subjectivismo na interpretação de acontecimentos mais recentes.
O actual concelho de Arouca é o resultado do antigo Couto, da concessão do foral de D. Manuel em 1513, das posteriores reformas administrativas levadas a efeito pelos Liberais em 1836 e de uma última ampliação durante a 1ª República.
Os monumentos funerários, sem tempo preciso nem nome de utentes, espalhados um pouco por todo o concelho, certificam a presença humana em terras de Arouca desde tempos pré-históricos. As primitivas denominações de "arauca" e "araducta" entre outras, definem um território que se perde nas brumas de tempos pré-nacionais e se consubstanciam no Couto, com limites definidos em Carta doada por Afonso Henriques ao Mosteiro, no ano de 1132.