Município

Resumo histórico

O concelho de Arouca: de Couto a Concelho

As lutas travadas pela posse de território tiveram, ao longo da Idade Média, um forte cunho religioso.

Daí que o Mosteiro de Arouca, dos primitivos edifícios ao actual, tenha marcado tão fortemente a vida, a economia e a cultura dos diversos povos que ao longo do tempo se abrigaram nestas paragens, para aqui viverem.

O progressivo recuo dos árabes para Sul, permitiu a estabilização social e o crescimento populacional que foi crescendo sob a tutela do Mosteiro e dos seus senhores.

Nos meados do século XI o "território" ou "terra Arauca" cobrem um vasto espaço que abarca as actuais freguesias de Moldes, Arouca, Burgo, Santa Eulália, Urrô, Várzea, Tropeço, Chave e Rossas, cujos governantes, referidos e documentados pela Dr.ª Maria Helena Cruz Coelho, são os senhores do mosteiro.

O primitivo Mosteiro situava-se a montante da actual vila, em S. Pedro e terá sido destruído pelos árabes nos meados do século X, após o que, por acção de D. Ansur e D. Eileuva, nobres proprietários locais, um novo mosteiro foi construído no local onde se situa o actual.

Dos referidos patronos, sem filhos, recebeu o mosteiro avultadas doações a que se seguiram muitas outras.

Foi dúplice, albergando freiras e frades sujeitos à regra de S. Pedro, e passaria a feminino com a chegada de D. Mafalda.

O mosteiro de S. Pedro de Arouca, foi estrategicamente edificado no cimo do vale fértil, cujos rendimentos alimentavam o significativo número dos oradores que tinham por missão rezar pelas almas do povo que os alimentava, bem como dos nobres guerreiros, cuja função consistia em guerrear a mourama, inimiga da Fé, que desde o século VII invadira terras de Cristãos.

Expulsos os mouros para além do Mondego primeiro, e para além Tejo depois, a Terra Portucalense ganhava contornos de país independente de Castela. Arouca, que fora terra de estremadura entre Cristãos e Muçulmanos durante alguns períodos da reconquista, era no início do século XIII um vale fértil e votado ao sossego, capaz de sustentar o mosteiro e o povo que se dedicava ao amanho da terra e à pastorícia.

Com a crescente notoriedade do senhorealismo Portucalense composto pela nobreza e clero, também sairia beneficiada a terra de Arouca.
Do espírito revolucionário de Afonso Henriques, avesso a fidelidades e vassalagens, quer para com os seus senhores de Leão e Castela, quer para com a mãe, a quem os apetites de viuvez precoce comprometiam os planos do filho e da Nobreza Portucalense por território livre, sairia beneficiada a ordem monástica arouquense, a quem o futuro 1º rei de Portugal daria Carta de Couto em 1132.

Filha de Sancho I, D. Mafalda, que o povo de Arouca adoptou como a sua Rainha e Santa, regressada de Castela onde se deslocara para casar, acto que o Papa proibiu, ainda muito jovem recolheu-se ao mosteiro de Arouca. Mudou a regra de S. Pedro para a de Císter, tomou as rédeas da administração do território e confrontou-se em querelas com seu irmão e rei, Afonso II, que lhe disputava a posse do senhorio de Arouca, por ela engrandecido com a compra de outras terras.

Ganha a contenda, com a intervenção da Santa Sé, D. Afonso III viria a confirmar o Couto por Carta de 1257.

A evolução para concelho aconteceria somente aquando das reformas Manuelinas que levaram à criação do concelho de Arouca por Foral de 1513.

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