No âmbito da pré-campanha eleitoral da CDU – Coligação Democrática Unitária e do objectivo de chamar a atenção para alguns dos problemas e potencialidades do concelho, neste caso para o despovoamento das terras ribeirinhas do Paiva e do ordenamento florestal, a candidatura da CDU Arouca realizou uma visita ao Parque de Merendas de Meitriz.
A delegação da CDU Arouca – que integrava a mandatária concelhia, Deolinda Brandão, os cabeças de lista à Assembleia Municipal de Arouca e Câmara Municipal de Arouca, António Óscar Brandão e Francisco Gonçalves, e Carlos Alves, Carlos Pinho e Tadeu Saavedra – esteve à conversa com Manuel Vinagre, nado e criado em Meitriz, Janarde, e que será o segundo Candidato à Assembleia Municipal de Arouca pela CDU.
Manuel António Gomes Vinagre, tem 70 anos, oriundo de Meitriz, Janarde, é militante do PCP, foi cabeça de lista pela CDU à Assembleia Municipal de S. Pedro do Sul, em 2013, é presidente do Clube de Caça e Pesca da Serra de S. Macário, integrando ainda o movimento cooperativo em S. Pedro do Sul.
Meitriz e Janarde hoje, mais do que povoações, são lugares onde residem não chega a uma dúzia de arouquenses, tendo o mais novo cerca de 55 anos, uma sombra das aldeias que foram a meio do século XX. O próprio Paiva, pese as potencialidades que continua a ter e descontada a propaganda “Geoparqueana” “do rio mais limpo da Europa” também é uma sombra do que já foi, atente-se à (falta de) qualidade da água e à (diminuída) riqueza e diversidade piscícola.
O abandono do campo, com o consequente abandono da limpeza da floresta e das margens do rio, provocado pela miséria rural portuguesa do século XX, miséria esta que conjugada com a guerra colonial levou milhares a salto para a emigração, a adesão à CEE e as políticas de promoção de abandono do campo e da floresta, a destruição das estruturas do Estado de proteção dos rios e da floresta e o uso maciço dos pesticidas levaram à situação actual.
Como repovoar as aldeias ribeirinhas e da serra? O que pode uma autarquia fazer? Não existindo soluções miríficas, até porque para cá residir é necessário fontes de rendimento e fazer regressar os serviços públicos de proximidade (até o último, a freguesia, foi extinto), são necessárias duas linhas de intervenção, uma centrada na floresta e na pequena agricultura e outra nos rios.
Na primeira importa identificar zonas prioritárias de intervenção, plantar carvalhos, sobreiros, castanheiros, conter a expansão desmesurada no eucalipto, manter limpas as faixas laterais da rede viária primária e secundária e também os aceiros e corta-fogos, apostar na pastorícia e na apicultura e promover a pequena agricultura. Esta opção está, contudo, dependente do investimento público e dos estímulos do poder central. No entanto a autarquia pode e deve aproveitar todos os fundos disponíveis, dar o exemplo onde é proprietária florestal, congregar vontades e disponibilizar apoio técnico aos pequenos proprietários e às associações sectoriais existentes, fazer o contrário do olímpico registo dolce far niente do pós-incêndios 2016.
Na segunda, sabendo que o problema da pouca diversidade piscícola e da falta de qualidade da água do Paiva depende das descargas a montante do concelho, a autarquia de Arouca deve dialogar e procurar sinergias com os concelhos a montante no sentido de resolver o problema, a melhoria da qualidade da água do Paiva e uma maior diversidade piscícola será benéfica para todos. CDU Arouca