S.O.S. Rio Paiva questiona nova ponte pedonal no Paiva

A Associação S.O.S. Rio Paiva solicitou esclarecimentos à Câmara Municipal de Arouca e à Agência Portuguesa do Ambiente sobre a construção de novas infra-estruturas no troço do Rio Paiva entre a Espiunca e o Areinho, demonstrando a sua preocupação com o mediatismo da construção de uma ponte pedonal transparente sobre o rio na zona da “Garganta do Paiva”.

A S.O.S. Rio Paiva entende que o Rio Paiva deve ser usufruído e contemplado por todos, mas defende que a aposta seja feita num turismo de natureza em oposição ao turismo de massas, atraindo ao Paiva um público especí­fico, sensível à preservação da biodiversidade e interessado em contemplar o valor ecológico do rio e não a adrenalina ou o risco de atravessar uma ponte suspensa na escarpa.

A Associação reconhece e valoriza o esforço e sensibilidade demonstrada pelo municí­pio de Arouca na preservação do Rio Paiva, mas não esquece os impactos negativos e os graves problemas que resultaram da abertura ao público dos passadiços do Paiva em 2015, com a afluência de milhares de visitantes diariamente, o consequente impacto negativo na tranquilidade do espaço e na preservação da biodiversidade, além dos riscos elevados para a segurança das pessoas que os frequentam por estarem inseridos numa zona de elevado risco de incêndio, declives acentuados e acessos bastante limitados, agravados com o estacionamento de centenas de viaturas nas estradas de acesso à estrutura que impediram a circulação de veículos de emergência (ambulâncias e veículos de combate a incêndios).

Os limites impostos para a frequência diária dos passadiços (3.500 visitantes/dia) e a venda de ingressos, ajudaram a estabelecer alguma ordem no espaço e minimizar o impacto do projecto, mas a S.O.S. Rio Paiva teme que o alargamento da área dos passadiços e a construção de uma estrutura como a que foi anunciada na imprensa releve para segundo plano o património ecológico e atraia novamente milhares de pessoas pelo mediatismo do projecto e não pelo valor ecológico e natural do espaço.

Atendendo, não só à experiência do passado mas também aos graves problemas de poluição existentes no rio Paiva, agravados este ano com a ocorrência de salmonela em Arouca e Castelo de Paiva, que levaram à interdição da prática balnear, consideramos prioritário e urgente o investimento em medidas de eliminação dos focos de poluição e conservação de espécies e habitats do Rio Paiva, em conformidade com o Plano Sectorial da Rede Natura 2000, que é o instrumento de gestão territorial para salvaguarda e valorização dos Sí­tios incluí­dos nesta rede ecológica europeia.

Tememos que a construção de novas infra-estruturas de lazer no troço compreendido entre o Areinho e a Espiunca (concelho de Arouca) contribua para um turismo de massas e a transformação do espaço num parque de diversões e desportos de aventura com o natural aumento da pressão sobre os habitats.

Preocupa-nos o crescente aparecimento de estruturas “de apoio” na zona envolvente aos passadiços (nomeadamente a construção de bares em zona classificada) cuja legalidade nos levanta sérias dúvidas.

Neste sentido a S.O.S. Rio Paiva recorda a Resolução do Conselho de Ministros nº 76/00 de 5 de Julho, que aprovou o Plano Sectorial do Rio Paiva onde se define como orientações de gestão para a proteção da biodiversidade do Rio Paiva, entre outras: Condicionar intervenções nas margens e leito de linhas de água; Ordenar actividades de recreio e lazer; Condicionar a construção de infra-estruturas. É ainda definido nas orientações de gestão do Sí­tio Rio Paiva “condicionar a expansão urbano-turí­stica”.

A Associação questionou a Câmara de Arouca e a APA sobre o tipo de construções que serão acrescentadas aos passadiços do Paiva e quais as medidas previstas para mitigar os impactos ambientais de um projecto desta envergadura (se é que existem).

COMUNICADO | S.O.S. Rio Paiva – Associação de Defesa do Vale do Paiva

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