O Sindicato dos Trabalhadores da Saúde, Solidariedade e Segurança Social organizou na passada sexta-feira, dia 15 de março, uma vigília junto das instalações da Santa Casa da Misericórdia de Arouca. O principal objetivo foi “alertar os trabalhadores, a população em geral e comunicação social, face aos ataques aos direitos das trabalhadoras, por elas relatados”, e perante a recusa da Mesa Administrativa em participar numa reunião com o objetivo de solucionar os problemas.
Segundo o comunicado enviado pela direção do Sindicato dos Trabalhadores da Saúde, Solidariedade e Segurança Social, e segundo o testemunho das trabalhadoras da instituição, “no que concerne à progressão na carreira profissional, não são respeitados os cinco anos de serviço para passagem de um nível ao imediatamente superior” e, consequentemente, “não há atualização dos seus vencimentos de acordo com a sua antiguidade profissional”.
As trabalhadoras reclamam ainda “a fixação de horários de trabalho que lhes permitam conciliar a vida profissional com a sua vida familiar, bem como a auferir o valor justo pelo trabalho prestado, nomeadamente no que se refere ao trabalho prestado em dias feriados e ao número de dias de férias”.
Maria Inês Gomes, Chefe da Cozinha na Santa Casa afirmou, em declarações ao DISCURSO DIRECTO, que a maior “revolta” das trabalhadoras é ficarem sem os feriados. “A nossa maior revolta é tirarem-nos o feriado. Nós trabalhamos um feriado e antes tirávamos um dia quando precisássemos, mas agora de há um ano para cá foi-nos comunicado que só temos direito a 3h. Ganhamos o dia normal como as outras trabalhadoras que ficam em casa, e além disso só temos direito a mais 3h. Ou seja, agora temos de trabalhar dois feriados para conseguir tirar um dia. Mas a confusão maior é esta: quem fica em casa ganha o dia como nós, porque está em casa a gozar o feriado. Quem está de férias e apanha um feriado, fica em casa no feriado porque está de férias, e tem mais um dia para gozar. E quem vem trabalhar só tem direito a mais 3h. Não tem explicação”, afirmou a colaboradora, acrescentando ainda que também já lhes tinham sido retiradas férias: “andamos há cinco anos a tirar apenas 18 dias de férias, quando devíamos ter 22. Neste caso específico fomos para tribunal e ganhamos”.
A exercer funções na instituição há 24 anos, Maria Inês Gomes afirma que não existe progressão de carreiras: “quando passei a chefe de cozinha aumentaram-me mas a partir daí nunca mais”, e refere que as colaboradoras pedem apenas uma reunião com a direção para resolver a situação: “Pedi explicação ao Sr. Provedor e ele não sabe. Pedi várias vezes uma reunião connosco para explicar o que se está a passar e nunca fizeram e aí tivemos de ir para o Sindicato, alguém que nos defende e que procura os nossos direitos. Isto poderia ser evitado se tivessem feito uma reunião para expormos no nossos problemas e para que pudéssemos chegar a um acordo. Se esta reunião não vier a acontecer teremos de ir para tribunal”.
Joaquim Espírito Santo, da direção do Sindicato, disse que “a questão da progressão das carreiras é desvalorizada mas é muito importante. De cinco em cinco anos as trabalhadoras deveriam subir de nível o que não acontece, no fundo são anos da vida das pessoas que estão a ser retirados, não há progressão da carreira, não há aumento salarial”, afirmou, mostrando-se esperançoso de que seja marcada a reunião e que a situação seja resolvida.
Representante do Bloco de Esquerda também marcou presença
“O Bloco de Esquerda teve conhecimento da situação que estas trabalhadoras estão a viver e viemos aqui prestar a nossa solidariedade e, por consequência, vamos apresentar uma pergunta ao Governo a exigir que a Segurança Social e que as entidades das leis laborais tenham uma ação decisiva, para que esta IPSS entre na legalidade. Esperamos que haja diálogo entre a instituição e as trabalhadoras e sindicato, mas aquilo que esperamos no final disto tudo é que esta IPSS respeite a lei laboral”, afirmou Nelson Peralta, da direção distrital do Bloco de Esquerda ao DISCURSO DIRECTO.
Contactado pelo nosso jornal, Vítor Brandão, provedor da Santa Casa da Misericórdia de Arouca, não quis prestar quaisquer declarações.