Após dois anos bastante atípicos, altura em que se deflagrou a pandemia de coronavírus, o DD decidiu dirigir as atenções para um caso local, em Arouca, mais propriamente na atuação de uma das mais importantes entidades para a saúde e bem-estar do nosso concelho, os Bombeiros Voluntários de Arouca. Recolhemos informações junto ao comandante José Gonçalves sobre o trabalho desenvolvido pelos mesmos, as estatísticas e a forma de atuar da associação, no último ano. Tentamos apurar, de igual forma, quais os objetivos e metas da instituição para o ano corrente.
2021 o ano de todos os desafios
José Gonçalves, comandante dos BVA adiantou ao DD que o ano de 2021 foi muito desafiante para toda a sociedade, e para a associação que coordena, “não foi diferente”. O responsável confirmou ainda, que a pandemia trouxe novas vivências e novos protocolos, e também a necessidade contínua de utilização de equipamentos de proteção, tanto para a proteção dos operacionais, como para a comunidade, “tudo isto foi uma adaptação”.
“2021 trouxe igualmente as ocorrências a valores pré-pandemia, totalizamos 5569 saídas. Embora sem nenhum surto de maior, tivemos alguns bombeiros que foram sendo apanhados pela COVID-19, e o isolamento profilático a que estiveram sujeitos levou a que outros elementos fossem sendo sobrecarregados nas escalas de serviço. Com todo o esforço, as limitações foram supridas e respondemos a todas as solicitações com a segurança e rigor que são característica dos Bombeiros Voluntários de Arouca.”, acabou por clarificar.
Quando questionado sobre o aumento de casos de ansiedade e depressão na população arouquense, e no possível aumento das ocorrências desse tipo, José Gonçalves relatou que o número de ocorrências dessa tipologia tem-se mantido inalterado, e que se mantem na média dos últimos anos.
“Tal não significa que a pandemia não tenha deixado marcas emocionais e psicológicas nos arouquenses, mas este é um processo longo, complexo, que apenas entra no registo dos Bombeiros em casos dramáticos, quando somos chamados a intervir.”, explicou. Todavia, JG admitiu que é fundamental que a saúde mental deva centrar o investimento de todos nos próximos tempos, visto que a pandemia veio agravar os níveis de stress e ansiedade na população devido ao isolamento e às restrições de movimentação. O comandante dos BVA reforçou a notória preocupação da instituição em realizar cursos nesta área, assim como a recente participação no evento, “A saúde mental e a importância na comunidade”, organizado pelo Município de Arouca. “Temos participado na discussão da Estratégia Municipal da Saúde, dando os nossos contributos e esperamos que daí possam sair linhas de ação e sinergias também nesta área.”, concluiu.
Proposta de alteração ao Regulamento de Concessões de Regalias Sociais aos BVA
“O Regulamento de Concessão de Regalias Sociais aos Bombeiros Voluntários de Arouca, criado pelo Município de Arouca, surgiu em 2018 depois do Comando dos Bombeiros fazer ver a necessidade de fomentar o voluntariado, reconhecer a nobre função do bombeiro voluntário e, ainda, pelo facto dos bombeiros serem exemplos de abnegação, coragem, dedicação, competência e zelo em prol da comunidade.”
José Gonçalves reiterou que no início de 2021, depois de auscultar o Corpo de Bombeiros, fizeram chegar ao MA uma proposta de alteração ao Regulamento existente onde procuraram que este fosse além no IMI e no IUC, e que se tornasse extensível aos elementos do quadro de honra dos Bombeiros. Esta mesma proposta foi acolhida pelo MA que promoveu o processo regimentar inerente a uma alteração. “Esperamos que essa proposta enviada seja tida em conta e que as nossas propostas sejam aceites neste processo de alteração.”
Perspetivas para 2022
“Todos queremos que a pandemia termine. Sentimos que isso estará próximo, mas ainda não é altura de baixarmos as guardas totalmente.”, informou José Gonçalves.
O comandante dos BVA acredita que muitas patologias sofreram atrasos nos seus diagnósticos, todavia o mesmo, falando pela instituição que coordena, acredita que muito tem sido feito nos últimos meses para que esta situação seja ultrapassada. “O Serviço Nacional de Saúde tem sido resiliente a esta prova de fogo. Esperamos que os serviços de proximidade sejam melhorados e que respondam com firmeza agora que a pandemia tende a reduzir os seus impactos. Reforçar os cuidados de saúde primários é a essencial.”
JG acrescentou que todos os dias os BVA realizam o transporte de doentes não urgentes, requisitados pelo SNS, além do transporte de doentes oncológicos (serviço apoiado financeiramente pelo MA), e para diversos tratamentos, consultas e exames. O comando concorda que este é um serviço essencial para uma população envelhecida como a do concelho de Arouca, e que sentem uma obrigação de prestar este apoio à mesma, embora estes serviços não sejam economicamente viáveis. O mesmo explicou que todos estes transportes têm encargos crescentes, e que a retribuição paga pelo SNS não cobre todos os custos, visto que o valor não é atualizado desde 2012, o que implica pela parte da instituição de uma gestão rigorosa de todos os custos.
“Finalizo estas ideias a deixar um agradecimento a todos os Operacionais do Corpo de Bombeiros de Arouca que, mesmo em momentos de incerteza e de pandemia nunca recuaram e estiverem sempre na “linha da frente”, servindo sempre a nossa população de forma abnegada. Uma palavra de agradecimento também à direção da nossa associação pela disponibilidade e empenho para que nada falte ao Corpo de Bombeiros. Igualmente à estrutura distrital da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, e ao Município de Arouca pela presença constante e disponibilidade para apoio”, concluiu José Gonçalves.
Text: Ana Castro
Fotos: BVA