Os dois agrupamentos acolhem também um número considerável de alunos estrangeiros
O nosso jornal entrou em contacto com os diretores dos Agrupamento de Escolas de Arouca e Escariz, nomeadamente Amélia Rodrigues e Vítor Hugo Venceslau, para fazerem um balanço do ano letivo 2022/2023, e saber o que esperam do próximo. O sucesso escolar é algo que ambos os diretores afirmam ter atingido, sendo que Amélia Rodrigues destaca também como novidade “a introdução do curso espacializado em teatro, no 5º ano”, para o próximo ano.
Amélia Rodrigues apresenta números positivos, com uma taxa de retenção de apenas 2,51%, que afeta maioritariamente o 3.º Ciclo do ensino básico, e o 12.º Ano. Já quanto ao ensino profissional, apenas “4 dos 59 alunos em condições de concluir o curso não conseguiram fazê-lo”.
Quanto à taxa de sucesso escolar, o número indicado foi de “cerca de 97%”, além disso, 62 dos 71 estudantes arouquenses que se candidataram ao ensino superior “foram admitidos na sua primeira fase de candidatura”. A diretora também informou que alguns alunos dos cursos profissionais foram colocados em CTESPs (Cursos Técnicos Superiores Profissionais).
Citando o ranking do Jornal Público, e dando um exemplo do sucesso escolar que a ESA tem tido, Amélia Rodrigues referiu que a Escola Secundária de Arouca subiu a sua média de 11,78, em 2021, para 12,35, em 2022, ficando assim na 108.ª posição a nível nacional (em 2021 era a 170.ª). A média nacional das escolas públicas é de 11,40, algo que “a ESA supera”.
Oferta formativa
No que diz respeito à oferta formativa para o próximo ano letivo, a Diretora indica que os cursos artísticos “especializados em dança e música” continuarão a ser oferecidos nos 2º e 3º ciclos do ensino básico, “uma novidade é a introdução do curso especializado de Teatro no 5º ano”.
No ensino secundário, “embora todas as áreas dos cursos científicos humanísticos estejam previstas, o Curso de Ciências Socioeconómicas do 10º ano não será oferecido devido à falta de alunos interessados, no entanto, muitos alunos dos cursos de ciências e tecnologias ingressam no ensino superior em cursos dessa área”.
Já no ensino profissional haverá os cursos de “Técnico de Eletrónica e Telecomunicações, Cozinha e Pastelaria, Restaurante e Bar e Animador Sociocultural”, informou.
De destacar a reintrodução das aulas de dança “no 3º e 4º anos de escolaridade, graças à candidatura Arouca – Território que dança”, promovida pela autarquia, e a continuação do CTESP em Automação, Robótica e Controlo Industrial, em parceria com o ISEP.
Em Escariz, Vítor Venceslau diz que a oferta será semelhante à dos anos anteriores, mantendo a oferta do ensino articulado de música, com um protocolo celebrado com a Academia de Música de Arouca, neste momento o agrupamento tem 5 turmas a desfrutar desta oferta.
O ensino secundário, a funcionar desde 2012, oferece este ano os Cursos de Ciências e Tecnologias, Ciências Socioeconómicas e Línguas e Humanidades.
Matrículas
Segundo a diretora, o número de matriculados no Agrupamento de Escolas de Arouca é 1949, um número ligeiramente mais baixo ao do ano anterior.
No Agrupamento de Escolas de Escariz, o número de alunos, segundo o Diretor, tem vindo a subir ao longo dos últimos anos. Com o número total de alunos de 774.
A ESA acolhe 46 alunos estrangeiros, representando 2,5% do total de estudantes. Destes, 27 são brasileiros, 14 ucranianos, 1 nepalês e 1 francês, sendo que 37 já estavam na escola no ano anterior, apenas 9 são novos.
Quando questionada sobre os desafios da integração de alunos estrangeiros, a Diretora reconheceu que a aprendizagem “da língua portuguesa é o maior desafio”, uma vez que “o português é considerado difícil”, mencionou ainda a “importância de ter professores especializados para apoiar esses alunos e promover seu bem-estar”.
As diferenças culturais e linguísticas podem ser “desafiantes para o acolhimento destes jovens, mas pouco a pouco estes irão se integrando com os colegas e criando amizades”, todavia “no que toca à aprendizagem, que pode ser um grande desafio e uma barreira ao acesso destes jovens ao currículo, a escola implementou medidas como a avaliação de proficiência em português e a oferta de aulas específicas de Português Língua Não Materna (PLNM)”, esclareceu. Amélia Rodrigues enfatizou a necessidade de mais recursos para melhorar o ensino de PLNM, e para garantir o acesso ao currículo por parte dos alunos imigrantes”.
Escariz também tem vindo a receber jovens filhos de emigrantes e ex-emigrantes, especialmente do Brasil, num total de três dezenas.
Vítor Venceslau indica que acolher estes alunos decorre dentro da normalidade, registando-se já a necessidade de disponibilizar a disciplina PLNM no currículo do ensino básico, e a necessidade também de medidas de apoio à aprendizagem, com o objetivo de promover a integração e inclusão escolar, “tendo como finalidade a adequação às necessidades e potencialidades de cada aluno/a”.
O diretor concluiu garantindo que as condições de realização por completo e a equidade de oportunidades no acesso ao currículo são uma “preocupação constantes do Agrupamento de Escariz”, e acredita que o “sistema português já possui variados mecanismos de apoio”, sendo necessária a “dedicação e o profissionalismo de todos os agentes educativos”.
Texto: Nuno Pinto