A guerra não é solução

A Guerra é um dos cavaleiros do apocalipse, no fundo, aquele que acaba por trazer os outros três – a fome, a peste e a morte. Com a pandemia da COVID 19 o discurso bélico entrou em força no debate público. Se no caso da pandemia seria aceitável, um dos beligerantes era uma doença, o mesmo já não se pode dizer com a Guerra na Ucrânia nem com a Guerra em Israel e na Palestina.

Não se procure nisto qualquer simpatia ou concordância com a invasão da Ucrânia pela Rússia ou com a ação terrorista do Hamas de 7 de outubro. O que se pretende é tão só sublinhar uma coisa muito simples, a guerra é um mal em si mesmo. E no caso destes dois conflitos, a única saída razoável é mesmo a solução política, negociada entre as partes. Demore o tempo que demorar é, será, pelo cessar-fogo e pela paz que lá se poderá chegar.

Cada ataque militar, cada ação terrorista, cada crime de guerra, cometido por um dos beligerantes (a muito falada escalada) é alimento para fazer medrar ódios, integrismo religioso, etnocentrismo,  nacionalismo, nem mais nem menos que a antecâmara do fascismo.

E como a guerra é a política por meios violentos e a política a guerra por meios não violentos, o que se vê de Lisboa a Moscovo é o nacionalismo em crescendo, o ódio do humano autóctone ao humano diferente, à outra nação, à outra cultura, ao estrangeiro.

E não se enganem os incautos, o nacionalismo russo e o nacionalismo ucraniano, hoje, fazem a guerra a leste, mas, amanhã, uma outra guerra pode estalar entre o nacionalismo polaco e o alemão, ou o polaco e o ucraniano, ou o polaco e o lituano, ou o pró-eslavo e o anti-eslavo nos Balcãs, etc.. E atenção, é na ideia e não na  sigla do partido político onde está a raiz da coisa. Na Eslováquia é um político de um partido pertence ao Partido Socialista Europeu e não o Chega lá do sítio, o portador da bandeira.

Em sociedades cada vez mais diversas e complexas, com a desigualdade em crescendo, o pasto é farto para os nacionalismos. Nuvens negras pairam no horizonte.

Sobre o conflito no Médio Oriente uma nota simples, uma ação terrorista é uma ação terrorista e a ocupação, o cerco o bombardeamento contínuo do povo palestiniano às mãos de quem foi massacrado séculos seguidos também o é. Razão tinha o Saramago quando escreveu – Das pedras de David aos tanques de Golias.

 

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