O Empresas & Empresários desta semana dá-lhe a conhecer um pouco melhor a marca de calçado arouquense Mountains Challenge Your Limits, inspirada pelas montanhas mágicas do Arouca Geopark, e nascida da herança do gosto pelo calçado, aliado a mestria do saber fazer artesanal. A marca criada pelos sócios Carlos Gomes e Alda Moreira, que estão no mercado do calçado há 34 anos, é comercializada na sua loja online (www.mountains-store.com ), e na loja online da worten. Devido à ligação que os criadores têm com a natureza e a identidade local, decidiram ter uma “marca própria”, que fosse “sustentável” e também que tivesse “durabilidade”.
No setor do calçado há 34 anos, Carlos Gomes e Alda Moreira decidiram criar a Mountains Challenge Your Limits, em 2019, pois sentiram a necessidade de ter uma “marca própria”. Como sempre estiveram ligados à natureza e identidade local, e como Arouca apostou muito nas “caminhadas e turismo de natureza”, criaram uma marca “sustentável”, uma vez que admitem ter “um apego muito grande a tudo o seja da terra”. Carlos Gomes referiu ao DD, na sede da empresa na Farrapa, que as pessoas de Arouca vivem mesmo de forma “sustentável”, pois aprendem de geração em geração como “trabalhar a terra, conhecer a terra, criar os animais”. Foi com “esse conhecimento”, que adquiriram ao longo destes anos, que decidiram criar algo que tivesse a ver com “Arouca”, por isso, “nada melhor do que fabricar um calçado que tivesse a ver com as nossas montanhas e o estilo de vida agreste que as pessoas têm aqui”, explicou. Foi “esse o espírito” que decidiram “incutir” na marca, para obterem um calçado que “fosse de desporto, de aventura, resistente, com um design apelativo, e, sobretudo, com durabilidade”. “Hoje em dia nada é feito para durar”, referiu Carlos Gomes, garantindo que é aí que sustentabilidade aparece na marca, pois o que tem “durabilidade tem sustentabilidade”.
“Fazer um sapato exige muita mestria em termos manuais e artesanais”
Quando questionados se já possuíam o Know how de como fazer um sapato, quer seja casual ou desportivo, os empreendedores referiram que “fazer um sapato exige muita mestria em termos manuais e artesanais”, pois tem de existir um “desenvolvimento quer dos moldes em si, do próprio design”, além de ter de existir igualmente “um conhecimento de materiais, da durabilidade”. Desse modo o calçado Mountains é um produto pensado ao nível do eco design e alta qualidade, e isso apenas é conseguido, devido a “todas as partes”, desde o “design” até à parte da “produção” serem feitas “internamente”, para poder ser garantido “a qualidade a 100% dos produtos”.
Apesar da produção dos seus sapatos ser quase na totalidade feita “à mão”, a marca utiliza também alguma maquinaria. “Antigamente usava-se muito aquela questão do manual, mas no tipo de calçado que a gente faz não é possível, aliás é impossível fazer o nosso sapato sem a utilização de algumas máquinas, por exemplo para coser”. Não obstante, Carlos Gomes e Alda Moreira utilizam apenas os métodos mecânicos “indispensáveis” na fabricação do calçado, ou seja, “o mais tradicional”, que é sempre “o mais manual”, como “aquelas técnicas usadas há 30/40 anos atrás” pelos “sapateiros tradicionais” que “davam a garantia que o sapato vai ajustar ao pé”.
“É importante para nós que os nossos fornecedores sejam nacionais e o mais perto possível”
Para os empresários é “extremamente importante” que todos os fornecedores sejam “nacionais” e localizados “o mais perto possível”, para minimizar a “pegada ecológica”. “Não podemos dizer que gostamos da natureza, para depois fazer importação do outro lado do mundo. Os nossos materiais são, mais ou menos de um raio de 100km, alguns mesmo feitos aqui ao lado em S.J da Madeira, ou Vila Nova de Gaia, para garantir que todos esses produtos são feitos em Portugal, cumprindo as regras da EU”, esclareceram. Além disso, os fornecedores da Mountais fazem parte da Leather Working Group, (comunidade global, interessada em construir um futuro sustentável, com couro 100% livre de desflorestação e conversão até 2030, e alcançar a neutralidade de carbono até 2050), que se dedica a promover a máxima qualidade nos materiais, além de não trabalharem com produtos nocivos no curtimento da pele. “Antigamente usava-se muitos produtos químicos como o crómio, e muitas peles que vêm, por exemplo, da China, e de fora do contexto europeu, podem causar alergias, ou seja, as matérias primas, têm de estar dentro das normas da União Europeia, para que possamos dar essa garantia às pessoas”, esclareceu Carlos Gomes.
“Gostamos de estar perto do cliente”
A venda do calçado Mountains Challenge Your Limits é feita totalmente online na sua loja online https://www.mountains-store.com/ , ou na loja online da worten.pt, pois os sócios gerentes gostam de estar “perto do cliente final”, para que este possa dar o seu “feedback”, e dizer o que está “bem ou mal” e irem “melhorando”. “Os nossos modelos, desde o início até agora, têm vindo a ser melhorados através do feedback direto que as pessoas fazem”, confidenciaram. Promovendo um “canal direto com as pessoas”, a Mountains Challenge, ajusta os preços à realidade do produto, que é feito com “materiais premium”, e que se fosse para revenda teriam de colocar “um valor superior ao que é na realidade”.
A empresa emprega 4 colaboradores, a contar com os sócios gerentes, e ainda têm outra pessoa que faz a parte da montagem, assim como o resto do acabamento. Apesar de terem começado o seu negócio “numa altura difícil”, como foi a pandemia de Covid 19, têm “expectativas de crescimento”, muito embora sejam uma empresa “pequena” de “nicho de mercado”. “Trabalhamos com calçado de alta qualidade e todo em pele, e não estamos também a lidar com qualquer empresa concorrente, mas sim com as grandes a nível mundial do segmento de desporto e aventura, multinacionais com produtos já experimentados no mercado, mas diferentes dos nossos”, salientaram.
Desvendando que desde o Covid 19 não tiveram mais nenhum obstáculo, Carlos Gomes e Alda Moreira concluíram que a empresa está numa fase de “crescimento sustentável”, desde essa altura, sendo que pretendem agora ir crescendo cada vez mais dentro das referidas “plataformas”, no meio digital. Os entrevistados mais partilharam que a maior dificuldade com que se deparam atualmente é encontrarem “mão de obra qualificada”, pois sempre que dão formação a alguém, passado pouco tempo, essas pessoas “vão-se embora”.
De forma a melhorem consideravelmente as suas vendas, Carlos Gomes reforçou que já apostam e terão de apostar cada vez mais “nas plataformas de venda online”, e na publicidade da marca dentro das mesmas, pois só assim vão conseguir chegar aos mercados internacionais, já que esse sempre foi o objetivo.