A perfeição na Natureza consiste na sua diversidade. Tanto na flora como na fauna.
Também na pessoa humana a mesma diversidade é sinónimo de perfeição (em nosso entender). Daí há negros e brancos, mestiços e amarelos, etc.; como gordos e magros, altos e baixos, como pessoas mais evoluídas, intelectualmente, como outras com mais deficiência intelectual.
Mais é essa diversidade que torna a humanidade mais rica.
Vem isto a propósito de uma pessoa que viveu no nosso meio, há bastantes anos desaparecida que, mesmo com a sua deficiência, era querida daqueles com quem convivia diariamente.
Era António Ferreira, nascido na rua da Lavandeira, em Arouca, a 25 de Março de 1891. Primeiro filho do casal Manuel José Ferreira do Carmo, o «aduba», e Margarida Joaquina da Conceição.
Tinha uma pequena deficiência mental. Viveu toda a vida, primeiro com os pais e depois com o seu irmão Fernando Ferreira (o “Fernando do Aduba”, como era mais conhecido, que durante toda a vida se dedicou às lides agrícolas como lavrador-caseiro como, enquanto as forças o permitiram, foi um elemento preponderante da filarmónica de Arouca, onde era acarinhado por todos, que o chamavam “padrinho”, pois ele a todos punha um nome).
O António Ferreira, com as capacidades que tinha, ajudava os seus pais e depois o seu irmão, na agricultura.
Era pessoa muito bem-disposta e alegre, que o tratavam carinhosamente por “tio António”.
O irmão Fernando, fabricou durante muitos anos as terras da Casa Grande dos Malafaias, desta vila, que naquele tempo, se estendiam quase continuamente desde a rua Darca, até à escola Conde de Ferreiro, onde hoje é a sede da União de Freguesias de Arouca e Burgo.
Ora o “tio António”, com a deficiência que tinha, fazia os trabalhos agrícolas mais simples.
Foram muitas as peripécias do “tio António”. Recordamos apenas três, que ficaram mais na memória da nossa gente:
Na altura do São Bartolomeu, os lavradores semeavam os nabais e, logo no princípio, quando a semente começava a debulhar para nascer, a passarada, principalmente no início da manhã, arrancava a dita semente. Ora era costume nessa altura, os pais porem os filhos pequenos a “guardar o nabal”, para não deixarem os pássaros estragarem a sementeira, enxotando os ditos, não os deixando pousar. O “tio António” era também incumbido dessa tarefa. Mas ao contrário dos outros, deixava os pássaros pousar até formarem um bando. Então batia as palmas, para se divertir a vê-los todos levantar voo. Ora não adiantava nada ele estar a guardar o nabal…
O irmão Fernando, procurando resguardá-lo, não o deixava sair da vila. Numa altura, na festa da Senhora do Campo, onde estava a filarmónica, ele apareceu. Então o irmão vendo-o, diz-lhe: «O que estás aqui a fazer? Já para cima» (para a vila).
O mesmo aconteceu numa festa da Senhora da Mó, em que o mandou «para baixo» (vila).
Então as pessoas dirigiam-se-lhe dizendo como é “tio António”? Dizia ele a rir-se: «já para cima; e já para baixo».
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