Porque falham as resoluções de ano novo?

O que esperamos, verdadeiramente, de 2024? Porque será que criamos tantas expectativas sobre o novo ano que se avizinha?

Chegamos à última semana do ano e por todo o lado ouvimos votos de um feliz ano novo, acreditando que tais desejos trarão sorte e prosperidade a quem os recebe e, por retribuição, a quem os deseja. A entrada num novo ano traz-nos a ideia de um recomeço, quase como se se tratasse de um livro em branco que nos é dado em cada final de ano e que nos permite reescrever a nossa história, como se de um guião de um filme se tratasse, fazendo acreditar que podemos reiniciar o sistema, selecionar novas cenas, novos protagonistas e novos desfechos para cada momento da nossa vida. O ambiente festivo pode fazer crer que tudo pode mudar, levando-nos a traçar planos de mudança, com todo o entusiasmo de uma vida que começa quase do zero, entre as 12 passas e uma taça de espumante. Mas porque fazemos isso? Será que só no final de cada ano é que se devem fazer balanços e traçar metas ou resoluções de mudança?

Aflitos com a velocidade da passagem do tempo, que fez com que mais um ano passasse a voar, fazemos promessas de sermos melhores pessoas, de alcançarmos todos os sucessos que ainda não conseguimos atingir, de arriscarmos mais, de fazermos tudo o que ainda não fizemos, mas queremos muito fazer, ou achamos que queremos. A cada novo ano que se inicia prometemos acreditar mais em nós ou nas nossas capacidades e trabalhar para sermos capazes de fazer o melhor por nós e pelos outros. “Passou tudo tão rápido!”, ouvimos dizer por aí. A cada final de ano fica uma sensação estranha, de um certo vazio, por termos ainda tanto por fazer e tanto por viver, mas ao mesmo tempo por perdermos mais um ano de vida e por termos menos tempo para vivermos tudo o que ainda está por vir. Por estes dias tentamos esquecer o que de mau se passou e acreditar que o novo ano será melhor do que o anterior.

Falamos em mudanças e (re)começos, em aprender a viver melhor e a saborear cada momento. Sabemos que há fins e há começos, ou pequenas paragens seguidas de novos inícios. O que é certo é que a vida segue com um ritmo muito próprio, quase sempre a uma velocidade alucinante, não esperando por nós, pelos nossos tempos ou pelo que acreditamos serem os melhores momentos para a conseguirmos acompanhar. Cabe-nos, por isso, saber vivê-la intensamente, aproveitando todas as conquistas e aprendendo com todas as derrotas.

Nem sempre precisamos de voltar à casa de partida, de fazer balanços ou mesmo de traçar planos de mudança ou resoluções altamente disruptivas para um novo ano que acreditamos sempre que poderá ser o melhor das nossas vidas. Precisamos sim de conseguir viver da melhor forma possível, saboreando cada oportunidade, cada experiência, cada pessoa, cada lugar.

Precisamos de querer bem aos outros e a nós, numa medida tão equilibrada quanto possível, e que nos faça a todos um pouco mais felizes, com mais empatia, respeito e solidariedade.

As alegrias e as conquistas, as tristezas e os lamentos farão sempre parte da nossa vida, mas o que importa é a forma como conseguimos aprender a viver com cada um deles, tirando o melhor de cada dia e da cada experiência, sem a pressão de estarmos a falar ou de termos promessas irrealistas a cumprir. Ser uma pessoa melhor não depende de mudanças de ano ou de ciclos, depende sim da nossa vontade em querermos o melhor para nós e para os outros, em sermos mais próximos e compreensivos, em conseguirmos estar no lugar do outro e perceber o que o magoa ou o que o faz feliz.

Que venha um novo ano repleto de esperança e saúde, felicidade e sucessos. Que seja um ano marcado por mais respeito, mais equidade e mais cidadania.

Que seja um ano bom para todos!

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