Estamos a três semanas das eleições legislativas imprevisíveis. É incrível como um partido com maioria absoluta não consegue levar ao fim um período de quatro anos de governo. Só pode ser por enorme incompetência. Mas mais grave ainda é o motivo pelo qual o Primeiro Ministro se demitiu, suspeitas de influências nalguns dossiês estratégicos!
É inacreditável que, após tantos escândalos, o partido do Governo continua, segundo as sondagens, a ser o preferido dos portugueses. O que lemos nestas sondagens é que nada vai mudar.
O atual líder socialista, demitido do governo, ocupou pastas importantes, tendo revelado uma tremenda incapacidade para as concretizar, tenta passar, agora, uma imagem completamente oposta. A ferrovia está uma lástima, a habitação é um dos maiores problemas que o país atravessa, a TAP engoliu milhares de milhões de euros e continua a engolir com os juros do empréstimo. Este fracasso completo imediato é da sua inteira responsabilidade política.
Ele sabe que o Partido Socialista tem um eleitorado que, para além de acrítico e sem ambições, tudo perdoa e aprecia este tipo de figuras e comportamentos, impunes, tal como revelam uma atração pelo abismo. O atual líder incute nos apoiantes do seu partido o culto da sua personalidade que, após vermos os factos concretos, pouco ou nada fez. Perante isto, num partido relativamente normal, não teria qualquer futuro. Também estamos a falar de um país chamado Portugal!
Gostava de ouvi-lo falar dos problemas concretos do País e quais as soluções objetivas. Mas não, apenas aponta a responsabilidade do fracasso da sua governação a outros partidos e líderes, alguns deles do século passado.
É líder de um partido que ataca instituições fundamentais que sustentam a democracia, nomeadamente a Presidência da República e o Ministério Público. Isto porque, provavelmente, não servem os seus interesses. Não percebi qual a sua posição perante gravíssimo problema. O perigo que se corre é a total descredibilização e degradação das instituições do regime.
Posto isto, a grande crise política em Portugal prende-se com a questão Ética, não só os políticos, mas também os cidadãos que os elegem, pois têm essa responsabilidade. A Ética não se vê apenas quando estamos sobre a observância dos outros, mas essencialmente quando ninguém olha para nós.
Não importa tanto o partido ou a ideologia de cada um. O importante é sermos exigentes e críticos com os que se propõem a governar. Se não respeitam esse compromisso, não são merecedores do exercício do poder. Quem não é capaz de respeitar cada pessoa na sua singularidade, não é digno do poder. Quem usa o poder em benefício dos seus interesses e não serve a sociedade também não é merecedor do poder. Um político digno desse cargo é alguém apaixonado pelo seu povo e que valoriza mais a sociedade do que a sua ideologia ou partido; é aquele que deixa um legado que vale a pena ser vivido. Ao contrário, vive-se uma vida estéril e medíocre, pois estes políticos amam mais a si e ao poder do que por onde devem conduzir a humanidade.