Conversa com Jorge Pereira a propósito do Dia do Trabalhador
O Dia do Trabalhador comemora-se hoje, para chamar à atenção para a importância da data, assim como das conquistas e direitos alcançados, o DD esteve à conversa com um dos mais antigos empregados de mesa de Arouca, ainda em serviço. Trata-se de Jorge Pereira colaborador na Confeitaria Rainha 3, há 24 anos, e que já é um exemplo de simpatia, perseverança e dedicação para toda a comunidade arouquense.
O entrevistado começou a trabalhar em 1995 na área da restauração, com 15 anos, mais precisamente no Café Buggy, onde esteve durante 5 anos até 1999, altura em que foi cumprir o serviço militar obrigatório. Após esse período, em junho de 2000, foi abordado pelo dono do Rainha 3, “Sr. Jorge”, que lhe perguntou se queria ir trabalhar para esse Estabelecimento, pedido que atendou, sendo o local onde continua a trabalhar até hoje. “Vinte e quatro anos no mesmo emprego e com os mesmos patrões”, fez questão de frisar o arouquense.
“Adoro o meu trabalho e o contacto com os clientes”
O jovem revelou estar há tantos anos neste ramo porque “adora o seu trabalho e o convívio”, apesar de já ter pensado mudar de área devido à família e amigos, que questionam se não se cansa de trabalhar no mesmo sítio há tanto tempo. Jorge Pereira avançou, no entanto, que “adora o contacto com os clientes”, e é por isso que tem ali permanecido.
Ao mesmo tempo, salienta que quando se trabalha tantos anos “no mesmo local” é normal ter “amizade e convívio” com os “clientes habituais”. “Quase que somos uma família de café”, explica, onde desabafam e, dia após dia, discutem “futebol, política”, e muito mais. No que toca a ser conhecido como simpático e cordial denota que no trabalho é “a pessoa normal que sempre é”, cultivando um modo de tratar “familiar” para que “todos” se sintam “bem”.
A pior parte do seu trabalho acaba por ser ter de trabalhar a maioria dos “fins de semana”, e “dias de festa”, todavia, a melhor acaba por ser “o contacto diário com clientes amigos”, assim como as aprendizagens, pois “nunca se tem um dia igual”, acabando sempre por existir “uma nova experiência que nos faz crescer”, confessou.
Simultaneamente, na parte do trato com clientes, refere que quem trabalha no atendimento ao público tem de lidar com “tudo”, porém, existem sempre os momentos “de manhã” e do final da “tarde” em que têm de ser “mais tolerantes”, porque “há horários de entrada”, e têm de ser “rápidos” com o “atendimento”.
“Penso que os clientes são muito compreensivos e conseguem respeitar o nosso trabalho porque sabem que ele não é fácil”, lembrou o entrevistado.
“Nunca se tem um dia igual há sempre uma nova experiência que nos faz crescer”
Mais adiante na conversa, relembrou que a altura mais difícil que passou na sua atividade profissional foi a fase do “Covid”, devido ao medo que sentiu em “servir” os clientes, pois um simples gesto de “cumprimentar um amigo” era “assustador”. Além disso, ter o café aberto apenas para “servir os bens essenciais”, e sentir o “medo dos clientes”, também “não foi fácil”. Pela positiva lembra que o melhor que aconteceu foi ter conhecido a sua mulher e, posteriormente, ter construído a sua família. Ademais, realça como essencial neste momento estar “feliz com o seu trabalho”.
Quando questionado se saísse deste emprego em que área se imaginaria a trabalhar admitiu, em tom de brincadeira, que não sabe fazer “mais nada”, mas, como é uma pessoa que não tem “medo do trabalho”, provavelmente iria para a área dos carros, uma vez que sempre gostou muito, mais precisamente “limpeza detalhada de automóveis”.
O dia 1 de maio correspondeu, este ano, à folga semanal do estabelecimento Rainha 3, mas normalmente “trabalham”. Acima de tudo Jorge Pereira considera este dia “importante” devido “aos direitos e condições de trabalho alcançados”.
*Artigo completo na edição impressa já nas bancas;
Ana Castro
Fotos: Carlos Pinho