Habitantes enviaram abaixo-assinado ao Município que acredita que o problema poderá estar relacionado com a falta de salubridade em “alguma propriedade privada”
Os habitantes do Lugar da Vila, em Mansores, deparam-se há alguns meses com uma praga de baratas que invade estabelecimentos e casas particulares. O DD dirigiu-se ao local para averiguar a situação junto da população, que afirma que está a tornar-se num problema de “saúde pública”. Contactada pelo DD, a Câmara de Arouca considerou que origem do foco pode estar relacionada com a “eventual falta de salubridade” em alguma “propriedade privada”.
Os vários moradores desta localidade fizeram chegar à Autarquia de Arouca, em junho, uma subscrição, assinada por 22 pessoas, a comunicar que a “praga de baratas”, que alegam ser provenientes “dos esgotos”, invade comércios e casas particulares. Até ao momento, os moradores referem que “nenhuma medida” foi tomada pelas autoridades competentes e avisam que, se assim continuar, “vão tomar outras medidas”.
Júlia Lima foi a primeira comerciante de quem ouvimos o testemunho, proprietária de uma mercearia, acredita que é “uma vergonha” esta situação, principalmente quando a empresa Águas do Norte enviou uma “equipa de desinfestação”, que afirmou não ser “nada com eles”. “Isto começou a aparecer quando fizeram o saneamento por aqui abaixo, quando abriram os rasgos, que foi mais ou menos há quatro meses, ou mais”, indicou a proprietária. Júlia Lima acredita que o facto de a empresa responsável ter “feito o saneamento”, e depois o terem “ligado” passado “muito tempo” pode, alegadamente, ter alguma influência nesta situação. Ao DD mostrou a sua arrecadação completamente cheia destes insetos mortos, que ali deixou para podermos ver e registar a gravidade da situação.
Também o Presidente da Junta de Mansores, que já se deslocou ao local, atribuiu, segundo a moradora, a origem do problema relacionado às “águas pluviais”, afirmação que levou a freguesa a enviar um email para a Câmara a alertar para o sucedido. Após ter recebido, tempos depois, na sua mercearia a desinfestação das Águas do Norte, e de novo autarca de freguesia, estas duas entidades alegam que o problema advém da fossa de Júlia Lima, todavia, ao DD, a proprietária não concorda com a o referido, pois já tem a fossa naquele local “há muito tempo”, e reforça que várias pessoas do lugar já assistiram aos insetos a saírem das tampas da rede pluvial.
Paralelamente a própria casa de Júlia Lima já é alvo desta praga, uma vez que apesar do cuidado que tem em não deixar as janelas abertas, “elas” acabam sempre por entrar por alguma “frincha”.
Uma cliente presente no estabelecimento, que pediu reserva de identidade, denotou que não acredita que saiam das tampas de saneamento, pois encontram-se “muito lacradas”, confirmando a enorme quantidade de espécimes presentes nos estabelecimentos do lugar, principalmente pela noite. “Isto é uma autêntica invasão”, caracterizou, alegando que toda a gente sabe da situação. A entrevistada acrescentou que vive em Mansores há 10 anos, e que nunca viu uma situação como esta, acreditando que possa estar mais relacionada com o aumento da temperatura.
De modo a diminuir a situação, Júlia Lima, tem gasto dinheiro em inseticidas que coloca em “tudo quanto é canto”, além de tentar “tapar” as frinchas das entradas e qualquer “buraco” suspeito, todavia admite que já não sabe “por onde entram”.
“Isto começou a aparecer quando fizeram o saneamento por aqui abaixo”
Um pouco mais ao lado, na Padaria de Mansores, Maria Duarte admitiu, mais descansada, que no seu estabelecimento nunca entraram, “elas tentam entrar e como não conseguem ficam viradas para cima ali ao pé da porta”, relata, confirmando ser esse o cenário que encontra pela manhã no passeio junto à sua entrada.
Na porta em frente Joaquim Lima, contabilista, é outro dos queixosos. “Elas entraram aqui pela ranhura da porta”, uma “carreira delas e andaram aqui a passear-se”, sendo que também entraram no seu “escritório e nas salas de trás” do espaço. O profissional acrescentou que também alcançaram a casa da vizinha “de cima”, que “tem um bebé”, alertando para o facto de ser “um bicho perigoso”, pois “não podem esmagadas” devido a deitarem um “cocktail de bactérias perigoso para o ser humano”, e mesmo “mortas” continuam a ser perigosas, pois transformam-se “num pó que inalado pode causar asma e outros problemas”. “Por isso se me aparecesse uma aqui agora eu não a podia matar, tinha de a apanhar e levar à saída”, finalizou.
*Reportagem completa na próxima edição impressa dia 2 de agosto nas bancas;
Arrecadação de Júlia Lima
Júlia Lima-Proprietária da Mercearia
Ângela Santos-Proprietária Café/ Restaurante Central
Inseticida em pó usado por Emília Feiteira (Café Feiteira) para o combate à praga
Grelha onde clientes do Café Feiteira encontraram vários exemplares