Tal como na última edição da Recriação histórica, a edição deste ano foi também antecedida, durante vários dias, de um conjunto diversificado de atividades integradas nos “Retratos barrocos”.
A edição deste ano teve, contudo, a preocupação de oferecer algumas atividades direcionadas para o público mais jovem, aproximando-os assim do seu Mosteiro e levando-os à descoberta de muitos dos seus segredos históricos.
Nos passos de Mafalda
Tratando-se de uma visita encenada aos principais espaços do Mosteiro de Arouca, esta foi a primeira das atividades para crianças e que, em duas sessões, reuniu cerca de 100 visitantes infantis.
Através da guia que conduziu a visita, esta atividade contribuiu para que estas crianças conhecessem um pouco melhor a vida e a história da padroeira de Arouca, ao mesmo tempo que iam percorrendo diversos espaços conventuais, a maior parte deles desconhecida desses mesmos visitantes.
Um serão no Mosteiro
Esta foi outra das atividades destinadas a crianças dos 8 aos 12 anos e que permitiu que um pequeno grupo infantil pudesse descobrir os espaços onde as monjas rezavam, trabalhavam, comiam e dormiam.
Durante algumas horas estas crianças, devidamente orientadas, puderam admirar a beleza escondida e centenária dos pergaminhos do Mosteiro; descobrir o órgão e seus tubos e até aventurar-se na subida ao Mirante do Mosteiro. A descoberta de tantos espaços desconhecidos do nosso deixou fascinados estes pequenos visitantes, ao mesmo tempo que contribuiu para o seu maior conhecimento do nosso ex-libris.
Mas este “serão no Mosteiro” permitiu ainda que este grupo de crianças pudesse estar, não só tão perto de uma das maiores relíquias do nosso Mosteiro, o testamento da Rainha Santa Mafalda, como também pudesse participar, com a Presidente da Câmara, no descerramento da sua exposição temporária, em espaços do Mosteiro de Arouca. Foi certamente, um momento que ficará bem gravado na memória dessas crianças.
O testamento de Mafalda
Trata-se de um documento-relíquia, autêntico, datado do sec. XIII e no qual a Rainha D. Mafalda manifesta as suas disposições, quer no que se refere ao seu funeral, quer também no que concerne à distribuição dos seus bens pessoais, e às suas inúmeras propriedades que lhe foram deixadas pelo seu pai, o rei D. Sancho I.
É um dos mais preciosos documentos do nosso património histórico, bem guardado na Torre do Tombo, para onde foi levado em 1854 pelo escritor Alexandre Herculano, após a extinção das ordens religiosas.
A sua breve exposição temporária no Mosteiro de Arouca deve-se, não só às numerosas diligências do Município, como também ao seu contributo financeiro para o restauro e preservação de tão importante documento, carregado de um enorme e significativo valor histórico, para Arouca e para o País.
Foram inúmeras as pessoas que desfilaram perante esta relíquia documental e histórica, cuidadosamente exposta, durante apenas 6 dias, na Biblioteca memorial D. Domingos de Pinho Brandão, instalada no espaço do Mosteiro de Arouca, onde outrora funcionou o Salão de estudo e de Festas do ex-Colégio Salesiano, entre 1960 e 1982.
Refira-se que, após a abertura desta exposição, seguiu-se, no mesmo espaço, a projeção de um pequeno filme, com a duração de 25 minutos e protagonizado por arouquenses, sobre a vida da Rainha santa Mafalda, desde o nascimento até à sua morte.
“Pregões e pregoeiros”
Fazendo os pregões e os pregoeiros parte do nosso património imaterial e estando até a função do pregoeiro presente nesta recriação histórica, a oficina “Pregões e pregoeiros” foi outra das atividades dirigida às crianças dos 8 aos 15 anos, e integrada nos “Retratos do Barroco”.
Orientada por Fátima Dias, do arquivo municipal de Guimarães, e apoiada num pequeno folheto explicativo, esta aula elucidou as crianças sobre a função do pregoeiro e sobre as caraterísticas que ele deveria ter para divulgar as ordens oficiais da governança. Durante a sessão foram feitos alguns exercícios práticos da leitura de diversos pregões e mostradas fotos de alguns pregoeiros.
A oficina terminou com “o bingo do pregoeiro” que consistiu num interessante jogo para avaliar os conhecimentos que as crianças adquiriram sobre a função do pregoeiro.
Como património imaterial que urge preservar, Fátima Dias terminou com o apelo para que se fizesse a recolha dos muitos dos pregões que correm o risco de desaparecerem de vez.
José Cerca
Descerramento do testamento