Política municipal e saúde (parte 2)

Na edição de 30 de outubro de 2020 do Discurso Directo, escrevia nesta coluna uma reflexão intitulada política municipal e saúde (parte 1), no qual enaltecia a bem-sucedida primeira fase de contenção da pandemia no nosso país, alertando para aquela que seria a segunda vaga que, infelizmente, acabou por se tornar mais complicada.

Uma das mensagens mais importantes que queria relevar era a importância da política de comunicação na área da saúde por parte dos municípios, com a pandemia a demonstrar que as opções políticas teriam um contexto particular e uma ainda maior importância para a ação do executivo durante o ano de 2021. E cito aquele que era o meu alerta: “É necessária uma política que seja mais sensível ao apoio ao tecido empresarial, uma maior aposta no alívio fiscal das famílias e vislumbrar uma oportunidade para olhar para lá daquela que foi a aposta principal do executivo nos últimos anos, o turismo”. Passados quase 5 anos, após enfrentarmos uma pandemia que deixou uma marca muito profunda nas nossas vidas, verificamos que aquele período realçou ainda mais a importância da área da saúde nas políticas públicas. Infelizmente, o executivo municipal liderado pelo Partido Socialista não levou em conta muitos dos alertas que havia referido.

A saúde ganhou, de facto, ainda mais relevo, tendo constantemente sido alvo da maior atenção mediática quer a nível nacional, quer também ao nível local. No âmbito do debate do estado da nação, numa sondagem realizada pela Aximage para o DN, JN e TSF, apesar do Executivo ter todo ele uma avaliação positiva, com claro destaque para a popularidade do Primeiro-Ministro, a saúde é, de facto, “a pedra no sapato”. Ao nível local, verificamos que o executivo do Partido Socialista, com novas competências que lhe foram delegadas pelo estado central (sendo inclusivamente um dos primeiros municípios a aceitar essas competências, mesmo com muitos municípios a levantarem muitas dúvidas quanto ao processo e, principalmente, ao envelope financeiro associado), pretende avançar para a construção do denominado “Parque da Saúde”, criando quer expetativas quer dúvidas na população e nos seus representantes sobre a real dimensão de tal obra, que é necessária, mas cujo processo deve envolver toda a sociedade arouquense, desde os seus representantes autárquicos como os profissionais da área da saúde que são aqueles que mais conhecimento têm das reais necessidades da população. Isto sem esquecer os restantes prestadores de cuidados de saúde do concelho, que servem, cuidam e são um importante suporte ao serviço público!

A pertinência desta segunda parte sobre política municipal e saúde tem precisamente a ver com as dúvidas levantadas pela oposição relativamente a informação relevante no que se refere a uma visão estratégica de futuro para o nosso município nesta área, com um conjunto de perguntas que merecem uma resposta clara! Muitas dessas respostas são resultado de opções muito importantes e com claro impacto nas próximas décadas no que concerne à política de investimento e na prestação de cuidados de saúde em Arouca, envolvendo não apenas o setor público, mas igualmente o setor privado e o setor social. Como alertava em 2020, a comunicação na área da saúde é fundamental e, acrescento em 2024, a transparência e informação clara é crucial para uma melhor saúde dos nossos concidadãos.

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