O Princípio de Pareto e os Incêndios

O Princípio de Pareto, também chamado de regra 80/20, foi proposto pelo economista italiano Vilfredo Pareto que observou no final do século XIX que aproximadamente 80% das terras na Itália eram possuídas por 20% da população. Com o tempo, essa observação foi aplicada em várias outras áreas, levando à ideia de que 80% dos resultados vêm de 20% das causas. O Princípio de Pareto não é uma regra fixa, mas um guia útil para identificar as áreas mais importantes ou produtivas em qualquer situação.

Numa notícia divulgada pela agência lusa, com repercussão em alguns órgãos de comunicação social, temos a confirmação das nefastas consequências para o nosso concelho e para as suas gentes dos malogrados incêndios que nos atingiram neste mês de Setembro. Segundo a Presidente Margarida Belém, o incêndio que deflagrou em Arouca “queimou 20% do território, situando em cerca de 6.000 hectares a mancha florestal destruída”. Segundo estes dados, podemos fazer uma aplicação direta e eficaz do Princípio de Pareto ao contexto dos incêndios florestais, especialmente no caso de Arouca, onde 20% do concelho sofreu com incêndios. Ao aplicar o princípio, verificamos que a maior parte das causas (80%) é conhecida e, possivelmente, repetitiva ou previsível. Ouvindo os especialistas, os técnicos que conhecem o terreno e os nossos Bombeiros, quem conhece verdadeiramente o território, os avisos e os alertas foram vários. É muito provável que essas causas sejam bem conhecidas, como o são as queimadas descontroladas ou agrícolas, a falta de gestão florestal (acumulo de vegetação seca), as condições climáticas previsíveis (como ondas de calor e ventos fortes), a negligência humana (cigarros, fogueiras mal apagadas) e as plantações de eucaliptos e pinheiros (que são altamente inflamáveis).

No decorrer desta terrível tragédia, tivemos os vários autarcas dos municípios, muitos deles do nosso distrito, que se deparavam com os terríveis incêndios, a prestarem esclarecimentos à comunicação social e dando conta da articulação que estava a ser realizada com a Proteção Civil, aludindo aos problemas no que toca ao ordenamento do território, que se arrastam há muitos anos e com diferentes governos a não operacionalizarem as reformas necessárias, principalmente no que respeita à floresta. Infelizmente, a nossa Presidente de Câmara resolveu aproveitar esses minutos que, quantas vezes, são preciosos para poder passar mensagens fortes que possam efetivamente contribuir para melhorar a vida dos munícipes e alertar para os problemas inerentes ao esquecimento destes temas após o término dos incêndios deste verão, optou por ser protagonista da chamada “trica política”, desperdiçando, assim, esse tempo. É pena!

Não estranhemos depois a necessidade de investir em visibilidade junto da comunicação social, alocando recursos financeiros de forma a poder ter uma entrevista como aquela que recentemente concedeu ao jornal de notícias, alertando para um dos problemas que há muito continuam a colocar Arouca e os Arouquenses a pagar um tarifário injusto e a realçar a importância de aumentar a cobertura no nosso município.

A Feiras das Colheitas é o maior certame do nosso concelho. Este ano festeja-se a 80ª edição desta festa tão especial para os arouquenses. Que tenhamos uma organização condigna, que seja uma festa bonita e que nos orgulhe!

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