XXVI-D. Joaquim Lourenço de Ciaes Ferraz de Acunha

Nasceu em Santo António, desta vila; e foi baptizado a 25 de Fevereiro de 1759, na igreja de São Bartolomeu de Arouca[1].

Era filho do Dr. Sebastião Ciais Ferraz de Acunha, do lugar de Arevo, Bispado de Coria, Espanha; e D. Maria Isabel Teles de Meneses, da Quinta de Boco, desta vila, filha de Jerónimo Teles de Meneses e D. Maria Eufrásia Pereira de Vasconcelos.

O Dr. Sebastião Ciaes Ferraz da Cunha, era filho de D. Lourenso Ciais, natural da cidade de Florenzia, Grão Ducado da Toscânia, Itália; e D. Mena Maria Ferraz de Acunha, natural da vila da Vanheza, Astorga, Espanha[2].

Casaram a 3 de Julho de 1756, na igreja de Arouca; e além do filho Joaquim, tiveram ainda D. Ana Maria Joaquina de Ciais, nascida também em Santo António, e baptizada a 20 de Abril de 1757. Veio a professar a 24 de Junho de 1778, no Mosteiro de Arouca[3].

  1. Joaquim Lourenço de Ciaes Ferras de Acunha, teve uma existência curta, pois veio a falecer muito cedo, aos 36 anos de idade, na Quinta de Boco, em Arouca, a 7 de Dezembro de 1797. O seu funeral realizado a 10 do dito mês, teve ofício de 57 padres, o que mostra a sua importância na comunidade Arouquense[4].

Casou na igreja de São Salvador do Burgo, a 12 de Agosto de 1792, com D. Margarida Angélica de Azevedo Rocha, da vila do Burgo, filha do capitão Manuel José de Azevedo Rocha e Melo e D. Mariana Teixeira de Magalhães.

Do seu casamento teve Maria e Roberto, nascidos na rua do Burgo, respectivamente em 1795 e 1796.

«Organeiro, projectista e arquitecto»[5], foi o autor do risco da artística urna barroca, que encerra o corpo da Rainha Santa Mafalda, que se encontra no seu altar, na igreja do Mosteiro. Julgamos que também foi o autor do projecto do claustro, sala do capítulo, cozinha e refeitório, do Mosteiro, com as obras a iniciarem-se em 1781, como se atesta pela cartela, que se encontra na fachada nascente do mesmo claustro, frente à entrada da sala do capítulo: «LANÇOUSE A PRI / MEIRA PEDRA NESTE DOR / MITORIO EM 2 DE MAIO / DE 1781, SENDO ABBADEÇA / D. JOANNA MARIA FORJAS / E ACABOUSE EM NOVEM / BRO DE 1785, SENDO AB / BADEÇA D. CLARA DEL / FINA PINTO DE LACER / DA, NO III ANNO / DO SEU GOVERNO», pois no pagamento do “risco” da urna, em 1793 houve: – «Despesa com Dom Joaquim no risco da Urna e de algumas obras que ainda se lhe estavam devendo – 210$685 reis»; e «Despesa no excesso do dinheiro em que ficou alcançado o dito Dom Joaquim, de que fez escrito de obrigação – 351$020 reis». Parece-nos que as “algumas obras”, poderão ser as acima nomeadas; e que ficaram por acabar (claustro e refeitório), que só foram concluídas nas décadas de 50/60 do século passado.

Ao ser chamado para trabalhar no Mosteiro, não seria alheia a influência de sua irmã, que era professa no mesmo.

Não sabemos onde D. Joaquim estudou as suas aptidões de projectista.

Além das obras no Mosteiro de Arouca, fez também o projecto do retábulo da igreja paroquial da freguesia de Avanca, no concelho de Estarreja, que na época era um couto do Mosteiro de Arouca.

A obra que actualmente lá está, não é exactamente como este desenho nos mostra, porque na época, o responsável pela execução da obra, impôs alguns cortes nos ornamentos barrocos, como mostra a anotação que se encontra ao lado do «risco». Não sabemos se foi por ter um gosto mais austero para a obra ou para poupar dinheiro na sua execução.

Fez também um desenho para sanefas da mesma igreja, que foram escusadas, pelo mesmo responsável das obras, que escreveu ao lado do desenho: «Da mesma forma os Balaustres por tirarem Lus, e superfluidades, por parecerem mais varandas ou Pulpitos de q janelas por Luz não sendo ellas demasiadamente largas. Sousa».

A imagem que reproduzimos do projecto do retábulo da igreja de Avanca, como a da sanefa, estão no Arquivo Nacional da Torre do Tombo.

 

 

[1] ADAVR – Regist. Paroq. freg. São Bartolomeu de Arouca. Livro de Baptismos, n.º 8 (1747/1760), fls. 144v.

[2] ADAVR – Regist. Paroq. freg. São Bartolomeu de Arouca. Livro de Casamentos, n.º 18 (1738/1777), fls. 45v. e 46.

[3] BRITO, Fernando Augusto Abrunhosa de – As Doze Portas de Gerações de Arouca, 1500-1800, vol. I, pág. 514.

[4] ADAVR – Regist. Paroq. freg. São Bartolomeu de Arouca. Livro de Óbitos, n.º 24 (1780/1802), fls. 110.

[5] PINHO MARTINS, Arlindo da Silva; e SILVA PINHO, Luís Miguel da – A Torre de Cesár, pág. 59.

 

 

 

 

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