Margarida Belém, empresários e população de Arouca exigem conclusão da Variante

A edição do Jornal de Notícias deste sábado, dia 2 de novembro, contém nas páginas 6 e 7 uma reportagem efetuada em Arouca a propósito do último troço da Variante. Recorde-se que a conclusão do terceiro troço, que liga a Ribeira (Tropeço) a Escariz, aparece no Orçamento de Estado do atual Governo, como noticiamos no passado dia 10 de outubro.

Em entrevista ao JN, a presidente da Câmara de Arouca começou por reforçar o desejo de ver a concretização de um “processo com mais de 25 anos”. “Foi algo que conquistamos. Ninguém acreditava que o segundo troço fosse feito. Aliás, é um processo com mais de 25 anos. Espero que se olhe para este concelho, que tem ambição, e se dê a devida compensação.” – começou por referir Margarida Belém, que, de seguida, garantiu que irá “fazer de tudo” para que isso se concretize: “Vou fazer de tudo para que isso aconteça! Tem de haver políticas coerentes para que se reduzam as assimetrias regionais. Esta é uma importante via de ligação às zonas empresarias”.

António Duarte, fundador e dono da Camarc, foi um dos empresários que falou ao JN, confessando que sediou a sua empresa na Zona Industrial da Mata por “amor à terra” e “a promessa da construção da variante”. Quase três décadas depois, e com um número de trabalhadores a rondar os 120, António Duarte deixou claro que, apesar das empresas não dependerem dos acessos, todos os dias os camiões e carrinhas que transportam mercadoria da Camarc “gastam 20 minutos em curvas e contracurvas na EN 326”. A empresa acaba por ser afetada também na luta contra a concorrência na sua área: “Estamos a competir na 1ª Liga europeia da nossa indústria, mas não conseguimos lutar com a concorrência de polos industriais com melhores acessibilidades”. António deu ainda um outro exemplo de problema que a falta do último troço provoca: “Arouca tem gente com muita capacidade, mas que foge para outros concelhos.”

Os seus filhos, Silvana e Rui, defendem a mesma causa que o seu pai. Rui deu o exemplo de clientes que “se recusam a vir às nossas instalações, porque psicologicamente viajar até Arouca é como terem de se deslocar para o Interior, como se fossem para a Régua.” Já Silvana deu o seu exemplo, pois desloca-se diariamente de Espinho para a Camarc, e apontou a problemática frequente de “ter de fazer a EN 326 atrás de um trator ou de um camião”.

Patrícia Monteiro foi outra das pessoas entrevistadas. A socióloga formou-se no Porto e trocou o vale de Arouca pela Cidade Invicta entre 2006 e 2012, até porque “naquela altura era tudo pior a nível de estradas e impensável fazer esta viagem todos os dias”. Patrícia foi ainda mais longe nas críticas ao troço, tendo salientado os perigos de percorrer a via no inverno e classificou esta situação como sendo algo de “Terceiro Mundo”: “No inverno, é duro: há chuva, e vento; temos de desviar-nos da água, de destroços que caem e de troncos, por estarmos a passar no meio do monte, o que torna a estrada perigosa. Já para não falar dos piores meses quando neva. (…) O que falta fazer é uma obra tão simples, mas com um impacto e um contributo para a coesão territorial cujo saldo será claramente positivo. Sobretudo, para que não se continue a assistir à desertificação de algumas freguesias. (…) Parece Terceiro Mundo. É uma miudeza o que falta fazer e, por isso, se torna ridículo continuarmos à espera desta obra”.

Por fim, José Gonçalves, comandante dos Bombeiros Voluntários de Arouca (BVA), disse acreditar que, quando o último troço da Variante estiver concluído, a viagem de uma ambulância até Santa Maria da Feira deverá ocorrer “em menos 15 minutos” do que o habitual. “Um tempo considerável quando todos os minutos contam quando estamos a salvar vidas”, referiu. A viagem atual causa ainda alguns problemas aos doentes transportados: ”O doente, na maca, sofre um bocadinho nas curvas e contracurvas”

O Jornal de Notícias concluiu a reportagem referindo que contactou o gabinete do ministro da Coesão Territorial, assim como a Infraestruturas de Portugal, mas nenhuma das entidades respondeu “em tempo útil”.

Texto: Simão Duarte

Fonte: Edição deste sábado, dia 2 de novembro, do Jornal de Notícias

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