O mais recente treinador do FC Arouca, Vasco Seabra, ainda não conheceu o sabor da vitória desde que chegou a terras de Santa Mafalda. Ontem, dia 9 de dezembro, na deslocação ao Estrela, esteve próximo disso, mas uma segunda parte apática da equipa arouquense levou a que os caseiros transformassem o 0-1 favorável ao FCA num 2-1 para os estrelistas.
No final do encontro, na sala de imprensa, Vasco Seabra analisou o encontro, assumiu a responsabilidade perante a ansiedade com que os arouquenses disputaram o segundo tempo e referiu que é necessário arrepiar caminho rapidamente.
“Na primeira parte, podíamos ter fechado o jogo, pela quantidade de oportunidades claras que tivemos. Nós fizemos o golo, logo a seguir temos uma oportunidade clara do Sylla, depois temos outra do Trezza. Na segunda parte, mais uma do Trezza. Que me lembre, temos três oportunidades isolados, o que não é uma coisa normal na Primeira Liga, ter tantas oportunidades isolados criadas, que não foram fruto do caos (…) A equipa entrou bem, forte, coesa, capaz de anular quase tudo o que o Estrela estava a criar, tendo muito capacidade para chegar (ao ataque). Na segunda parte, com a ansiedade, trazer-nos para trás e os próprios golos acabam por refletir isso. Um golo de lançamento, outro de livre, sem o Estrela ter criado grandes danos para nos poder empurrar para trás desta forma. Temos de olhar para dentro, ouvir e olhar menos e focar-nos naquilo que a gente controla, que são os jogos. Temos muito campeonato pela frente, muita qualidade individual. Ela tem de sobressair e temos confiança de que as coisas vão correr nesse sentido.”, começou por apontar, em análise ao jogo.
Vasco Seabra declarou que a produção da equipa no primeiro tempo foi boa e dá alento, contudo o segundo tempo foi totalmente diferente e tem de mudar: “Isso é a parte positiva que nos deixa contentes, pela equipa produzir, mas nós fomos sentindo que a equipa foi ficando com muita vontade que o jogo acabasse mais depressa. A entrada na segunda parte refletiu esse receio, quisemos aumentar um pouco a nossa pressão, e ao contrário das nossas intensões, o nosso inconsciente puxou-nos para trás com mais vontade de guardar do que querer fazer mais. Esse inconsciente é uma coisa que forçosamente temos de crescer, arrepiando caminho rápido.”
O técnico foi também questionado acerca do seu sentimento de que a equipa venha a desbloquear este momento com uma vitória, algo que, no entender do mesmo, já sentiu neste encontro. “Nós já sentimos para este jogo, e a forma como nós entramos, deu-nos essas indicações também. A equipa entrou muito forte, coesa, compacta, a saber o que tinha de fazer e a não permitir jogo interior do Estrela. O Estrela estava essencialmente a fazer-nos diagonais para a linha de cinco para os alas, para os laterais, porque não conseguia construir por dentro. As vezes que entrou nas costas, foi em fora de jogo, por isso a equipa estava muito compacta. Cada vez que ganhávamos a bola, conseguíamos sair com muita velocidade para a frente e conseguíamos chegar com relativa facilidade ao último terço. As indicações estavam a ser positivas. Quando chegamos, sentíamos que a equipa não conseguia tanto criar oportunidades. Com o aumento desse número de oportunidades e a diminuição dos ataques do adversário, sentimos que as coisas estão mais próximas de nos acontecer. Aquele estado emocional de ansiedade puxou-nos para trás e isso é responsabilidade minha. Sou eu que tenho de conseguir que os meus jogadores se sintam confiantes e confortáveis no jogo, independente do lugar onde estamos.”, concluir o treinador.
Tiago Esgaio, que assumiu a braçadeira de capitão após a saída de David Simão por lesão, na flash-interview logo após o jogo, apontou que a equipa “ficou no balneário” ao intervalo: “Entramos bem no jogo, fizemos o que foi pedido na primeira parte, podíamos ter matado o jogo. Na segunda parte, ficamos no balneário, o Estrela foi crescendo e acabou por fazer golo. Tivemos oportunidade, não fizemos, e o Estrela acabou por vencer. (…) Fizemos uma grande primeira parte, com oportunidades, agressividade, entreajuda entre todos. Na segunda parte, não aconteceu isso.”. Questionado sobre as saídas de Mujica e Cristo no início da época e as atuais dificuldades do FCA em finalizar, Esgaio apontou que é preciso encontrar soluções dentro do plantel. “Eram jogadores que faziam a diferença, por isso deram o salto (na carreira). Não podemos estar a pensar neles, já não estão cá. Temos de arranjar soluções dentro do plantel”.
Apesar do momento extremamente negativo, o lateral mantém a confiança. “Falta muito jogo, ainda nem acabou a primeira volta, não podemos estar já a pensar negativamente. É continuar na luta!”, concluiu.
Texto e Foto: Simão Duarte