Óscar Rita e Adelina Santos partilharam o seu percurso
Apesar de não ter tido muita influência familiar, Óscar Rita, após ter terminado a escolaridade obrigatória, decidiu dedicar-se à agricultura, nas terras que o pai possuía. Adelina Santos, num momento de crise, também conseguiu dar a volta, e ter rentabilidade com os seus produtos. Fique a conhecer a história de sucesso destes dois arouquenses.
Foi a partir do ano em que Portugal aderiu à União Europeia que Óscar Rita começou a ver frutos no seu trabalho. “Ganhava-se dinheiro com o leite, não vou negar”, salientou.
O produtor começou no leite, mas logo de seguida foi introduzindo novos produtos, “novidades”, como classificou. Agora de inverno tem alface (“na estufa”), e acelgas, uma espécie de alface mais resistente, que pode ser preparada na sertã ou comida em saladas. Também podemos observar uma grande quantidade de bata doce, dióspiros maçã, e muitas ervas aromáticas. Todo o seu excedente é vendido na Loja do Arouca Agrícola, situada ao pé do Edifício da Central de Camionagem de Arouca.
Óscar Rita também referiu que muitos visitantes chegam ao seu terreno e não entendem o porquê de lá ter tantas ervas, chegando mesmo a denominá-las de “ervas infestantes”, o que não é verdade, pois segundo o próprio “são necessárias para proteger o solo”. No caso de “enchentes e demais fenómenos naturais é a vegetação que protege”, acrescentou.
“Hoje em dia com o clima que temos nada é garantido”
Quando questionado sobre quais os produtos que planta e tem a certeza que vão vingar, o agricultor garantiu que sobre isso nunca se tem a certeza. “Nada é certo. Hoje com o clima que temos nada é garantido que vá vingar e ter abundância”. Aliado a esta certeza, adiantou igualmente que a adesão dos arouquenses aos seus produtos “é boa”, e que o produto com mais saída são os “morangos, de verão”. “As hortícolas também vendes bastante bem”, classifica.
Paralelamente o entrevistado confessou que “é muito difícil em Arouca viver-se só da agricultura, e que conhece agricultores com grandes áreas de terreno para plantação, que têm de ter uma segunda fonte de rendimento”. Isto porque em Arouca a agricultura é “muito de minifúndio e trabalhosa, e não há quem trabalhe”. “Mas eu estou sempre ocupado e a coisa vai correndo bem”, respondeu sorridente.
Sobre jovens de Arouca que se vão dedicando a produzir ou fazer produtos típicos da região anunciou que conhece uma jovem que faz “as Barcas de Mansores”, juntamente com a sua mãe, mas que também possui em emprego, à margem dessa atividade. Ao dar este exemplo de juventude, Óscar Rita referiu que é mesmo isso que defende, ajudar a que quem está na agricultura consiga fazer a transição aos seus familiares, pois, caso contrário, “vai tudo a abaixo”.
“Conheço agricultores com grandes áreas de terreno e têm de ter uma segunda fonte de rendimento”
De seguida falou-nos sobre a sua descendência, tem um filho e “apesar de gostar do seu emprego”, ao fim de semana faz questão de ajudar os pais, todavia “nem sempre está livre. O produtor ressalvou o facto de os agricultores não serem “respeitados”, pois ainda “não têm sindicatos”, juntando ao facto de considerar uma classe que não se “une” para lutarem pelos seus “direitos”, ou “para melhorar alguma coisa”. “Antes havia essa ajuda entre as pessoas agora isso não se vê”.
Melhor que ninguém, Óscar Rita, sabe o quer na sua exploração e o que “falta”, expondo que quando “pede” a alguém qualquer tipo de “apoio” não quer que a pessoa “venha impingir as suas ideias”, e sim que o ajude nas suas. Na sua reforma o arouquense quer continuar a ser agricultor, mas para isso têm que existir “mais apoios” da parte das entidades competentes, e espera também ter a ajuda do seu filho.
Um pouco mais para oeste no concelho reunimos com Adelina Santos, que nasceu em Canelas, mas logo foi viver para a Quinta da Estreitinha (de onde era natural o marido), quando se casou. Após o casamento começou a dedicar-se mais ao “trabalhar as terras”, atividade que juntava à de “criar os filhos”. Mais tarde, o seu marido dedicou-se à Construção Civil, mas houve uma grande crise no setor (aproximadamente em 2008), sendo esse o “único salário” que entrava em casa. “Nessa altura ficamos assim um bocadinho à rasca”.
A alternativa que produtora arranjou para ter rentabilidade financeira foi começar a vender broa e outros produtos na Feirinha em Arouca no ano de “2011”. “Como nessa altura eu já tinha os meus filhos criados, aproveitei e comecei a vender o que tinha em excesso e resultou, até ao dia de hoje”, acrescentou.
Texto: Ana Isabel Castro
Fotos: Carlos Pinho
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