Após um interregno, durante a pandemia, a modalidade voltou em força e conta novamente com atletas federados
Foi há cerca de 50 anos que um grupo de jovens de Rossas deu início à modalidade de atletismo através da realização de corridas, integradas nas Festas da Nossa Senhora do Campo. A partir daí, esta iniciativa não parou de crescer, e foi com o aparecimento da Associação Unidos de Rossas, com estatutos legais desde o início dos anos 80, e na qual se destacam a cultura e o desporto, que o atletismo passou a ter outras dimensões. A modalidade integrou, nessa altura, uma equipa de atletas federados, na qual a principal responsável era Adélia Tavares, que colocou neste cargo todo o seu saber, dedicação e também orgulho.
É então lançado, de seguida, o Grande Prémio de Atletismo, um dos principais e mais prestigiados do Distrito e do Norte do País. A então equipa de atletismo ia simultaneamente participando em torneios similares, que iam aparecendo, contando, para isso, com o apoio da Câmara Municipal, sobretudo com a cedência de viaturas e respetivos condutores.
De lembrar que durante alguns anos, sensivelmente desde o início dos anos 2000, o clube deixou de possuir atletas federados, situação que só voltaria a acontecer após a pandemia.
É então que o Grande Prémio de Atletismo, também interrompido durante os anos do surto de Covid-19, voltou a trazer a Rossas, em 2024, cerca de mil atletas, federados e não federados. Conjuntamente, e pela iniciativa de outra modalidade, o futebol jovem, surgiu o que viria a ser o embrião de uma equipa federada de atletismo da qual Cristina Montenegro é a principal responsável, e Catarina Rios a treinadora. A iniciativa está aberta a todos, sobretudo aos jovens que queiram participar, ou simplesmente praticar atletismo, como adiantou ao DD um responsável da administração.
Temos captado atletas mais novos, e os que já competem há mais tempo têm conseguido bons resultados
Contactada pelo nosso jornal, Cristina Montenegro, responsável atual da modalidade de atletismo, afirmou que está há 15 anos ligada ao clube, desde o “início da escola de Futebol”, onde acompanhou o seu marido. “Na época passada” o Unidos foi procurado para “apoiar um grupo de atletas federadas, de Arouca, que não tinham apoio e precisavam”, desvendou. De imediato as atletas comunicaram com os responsáveis, que prontamente viabilizaram a abertura da modalidade. “Cá estamos a dar novamente passos na competição da modalidade”, lembrou de seguida a dirigente.
O facto de o clube estar historicamente ligado ao atletismo nacional pesou “sem qualquer dúvida” na decisão de se voltar a criar a modalidade, além de que entenderam a necessidade de existirem “modalidades diferenciadas do tão imponente futebol”.
A experiência tem sido até ao momento “positiva”, como “qualquer trabalho relacionado com desporto”, que, segundo Cristina Montenegro, “promove sempre boas experiências”. “Temos captado atletas mais novos, e as atletas que já competem há mais tempo têm conseguido bons resultados. Em algumas provas até já superam os seus recordes pessoais, isto mesmo com poucas condições para treinar”, realçou.
Entendemos que devem existir modalidades diferenciadas do tão imponente futebol
Com 7 atletas federados, relativamente aos 4 que tinham quando reiniciaram, ainda não sentiram “uma grande procura” pela prática da modalidade, mas têm “estudado, em conjunto com a Associação de Atletismo de Aveiro e o Município de Arouca, a dinamização da modalidade junto dos jovens”. “Vamos organizar este ano uma jornada que dinamiza a modalidade, demonstrando as diversas práticas a ela associadas que muitos jovens desconhecem”, explicou. Atualmente o Unidos de Rossas possui atletas federados, e a competir oficialmente, com idade compreendidas entre os 4 e os 16 anos.
Tentam, sempre que lhes é permitido, criar as “melhores condições” para que os atletas possam “treinar as diversas categorias”. No imediato, foi criado um espaço e adquirido material para concretizar “o salto em altura”. Além disso, têm a colaboração do FC Arouca para “treinar em pista”, sempre que solicitam, e quando as provas estão mais próximas. “Tentamos sempre colmatar as debilidades a cada dia e conforme as possibilidades.”
O objetivo a curto prazo é o de “conseguir ter um crescimento no número de atletas” a procurar e experimentar a modalidade, e melhorar as condições de treino dos atuais, para que “não desistam e consigam ter vontade de promover também a modalidade junto dos amigos e da comunidade”.
“Este ano temos duas benjamins de apenas 4 anos que entraram na equipa”
Catarina Rios, treinadora da modalidade de atletismo nesta nova fase do clube, ao DD, começou por caracterizar um pouco as condições de trabalho de que dispõe no Unidos. O local de eleição para os treinos é Sinja onde, à quarta-feira, realizam saltos na “caixa de areia”, e “treinos mais específicos”. Também em casa os atletas “vão fazendo os treinos, e sempre que possível conciliar com a escola”. “Para treino mais de reforço costumamos treinar à quinta ou terça-feira, e, para isso, o clube dispõe de um acordo de cooperação com o FC. Arouca, para podermos treinar no Estádio Municipal, uma vez por semana. Para treinos em que se pretende “rolar”, isto é, ganhar quilómetros nas pernas, utilizamos a Ecovia do Arda ou o Parque de Gondim como preleções”, elencou a treinadora.
O grupo está igualmente a aumentar, uma vez que este ano têm “duas benjamins de apenas 4 anos que entraram na equipa”, e contam receber “mais jovens até ao final da época”, todavia Catarina Rios reforça que, por vezes, “têm jovens com curiosidade em experimentar”, mas “nem sempre é fácil conciliar com a escola e restantes atividades curriculares que já praticam”.
“Tentamos sempre colmatar as debilidades a cada dia e conforme as possibilidades”
Muito embora “todos valorizem mais os momentos em que ganham medalhas”, a responsável relembra que no desporto “nem sempre se ganha e nem sempre se perde”, por isso tenta “educar os seus atletas nesse sentido, para que uma prova menos conseguida seja uma demonstração do que é preciso melhorar, e uma prova bem conseguida” seja a prova de que tudo que promovem “está a resultar, com vista a cada um dos atletas melhore”.
Os objetivos de Catarina Rios são simples. Uma vez que “cada atleta é diferente”, e estão em “fases diferentes” o importante é serem sinceros com o clube e com “eles próprios”, e saberem o que “têm a fazer a cada dia, treino e competição”. “Mesmo numa estreia numa nova disciplina o objetivo está lá: aprender, desfrutar e competir. Mas com certeza que o objetivo é continuar a pisar o pódio e levar a bandeira dos Unidos de Rossas, o gozo que lhes dá exibir estas cores lá em cima!”, exprimiu.
Não deixou de agradecer pela forma como a convidaram a “assumir este projeto”, e se “predispuseram a partilhar” os ideais, projetos e espaços do clube. Tudo em prol do “desporto e do atletismo em Arouca”.
Texto: Ana Isabel Castro
Fotos: Carlos Pinho e Catarina Rios
GPA Festa da Nossa Senhora de Fátima
Atleta Adélia Tavares a receber prémio do GPA
Jovens atletas atuais
Pódio de jovem atleta masculino sub-10
Prova de Benjamins
Prova de Iniciados sub-16