O Ministério Público de Santa Maria da Feira arquivou o inquérito sobre a alegada descoordenação entre comandos de bombeiros no combate aos incêndios de Arouca e São Pedro do Sul, ocorridos em agosto de 2016.
O processo foi aberto na sequência de um inquérito da Inspeção-Geral da Administração Interna que apontava para a “falta de coordenação” entre os então comandantes distritais de Operações de Socorro de Aveiro e de Viseu, José Bismark e Lúcio Campos, respetivamente.
No entanto, o MP considerou que das provas analisadas não resultaram indícios suficientes da prática de qualquer ilícito criminal por parte dos dois comandantes que lideraram as operações de combate.
No despacho de arquivamento, a que a Lusa teve acesso, o MP salienta que aqueles dois responsáveis atuaram de acordo com diretivas superiores, direcionando os meios de combate disponíveis para a proteção de pessoas e de infraestruturas edificadas.
“As decisões de combate ao incêndio terão sido sempre coartadas pela exiguidade de meios face às dimensões invulgares de um incêndio alimentado por condições climatéricas e orográficas extremas”, lê-se no documento.
O incêndio, que começou em Arouca (Aveiro) a 08 de agosto e alastrou a S. Pedro do Sul (Viseu), lavrou praticamente durante uma semana e devastou 25 mil hectares de floresta, tendo sido evacuadas várias aldeias e ardido várias casas, num prejuízo estimado em mais de 100 milhões de euros só em Arouca.
A 15 de agosto o primeiro-ministro, António Costa, durante uma visita aos municípios afetados pelas chamas, anunciou a abertura de um inquérito para esclarecer o que ocorreu com o início do combate ao incêndio em São Pedro do Sul, na sequência das críticas do presidente da Câmara local, Vítor Figueiredo.
Na altura, o autarca lamentou a falta de meios para combater as chamas, sublinhando que quando o incêndio deflagrou apenas puderam contar com “a prata da casa”.
“Tínhamos uma frente quase com 16 quilómetros e apenas cerca de 30 ou 40 voluntários para combater todo este fogo. Nunca tivemos apoio das entidades oficiais. O fogo foi progredindo e atingimos um ponto em que a situação foi catastrófica”, sublinhou então Vítor Figueiredo.
O fogo também obrigou ao encerramento por algumas semanas dos Passadiços do Paiva, que podem acolher até 3.000 visitantes por dia, o que representou um rombo para o turismo local. JN