Presente no Mosteiro de Arouca desde o passado dia 26 de setembro, o Município e a Cooperativa Agrícola locais promoveram a exposição evocativa e comemorativa “Ora Cantate! et Labora”. Inaugurada no primeiro dia da Feira das Colheitas, esta pretende prestar tributo ao “espírito resistente local e de celebração da identidade cultural arouquense, profundamente ligada à terra, ao canto e à memória do Mosteiro”, segundo palavras dos curadores Jorge Sobrado e Rita Roque, que explicaram o significado do nome: “Ao tradicional Ora et Labora monástico, juntámos o Cantate!, para fazer justiça à tridimensionalidade da cultura local: espiritualidade, lavoura e canto”.
O Discurso Direto visitou a exposição e, logo à entrada, demos de caras com um texto dos curadores da exposição nas paredes do Mosteiro, ao qual atribuem enorme importância por ser “símbolo de uma abundância e altar das mostras que, ao longo de muitos anos, aqui se exibirão”, através “das colheitas dos garbosos lavradores da terra (que continuam garbosos em 2024, como dá a ver Lucília Monteiro)”, do canto e da oração, mas também da “ressonância das dispensas e da cozinha do antigo Mosteiro”. Tudo isto inserido no contexto dos 80 anos da Feira das Colheitas, considerada por Jorge Sobrado e Rita Roque como “um ato de exaltação da lavoura e da fertilidade da terra, em tempos sombrios de guerra”.
Para além dos vários textos que recordam e fazem parte da identidade arouquense, como a vida do campo e a espiritualidade, há a presença de vários utensílios agrícolas e de fotografias de diversos agricultores arouquenses, onde ainda é possível ver algumas caras de jovens rapazes e raparigas. A visita guiada passa ainda pela antiga cozinha do Mosteiro, onde são mostrados ao público inúmeras frutas e vegetais locais.
Ao Discurso Direto, João Duarte, responsável pelas visitas guiadas, começou por nos referir que a maior afluência de público à exposição foi “durante a Feira das Colheitas, onde tivemos cerca de 7500 pessoas, durante os quatro dias”. A forte afluência demonstrou o apreço do público pela exposição: “Foi bastante bem recebida pelo público, primeiro porque modificou o Mosteiro a nível luminoso e sobretudo pela parte agrícola, pela presença de vários produtos e dos próprios produtores locais. Isso ajuda a que as pessoas se revejam.”, referiu João Duarte de seguida. A questão da proximidade das pessoas é também algo a salientar na exposição: “Sem dúvida, é uma forma de as pessoas, por um lado, verem reconhecido o seu esforço e o seu trabalho no contexto da produção agrícola e de se reverem, quer a si próprias, no caso das que estão representadas, quer pessoas conhecidas de se reverem na exposição e verem o seu trabalho enaltecido. Acontecia frequentemente as pessoas conhecerem os produtores que estão retratados nas fotografias.”
A exposição “Ora Cantate! et Labora” está aberta ao público até ao próximo dia 26 de outubro, contando hoje com uma visita guiada noturna pelas 21h30. A participação é gratuita (limitada a 40 pessoas), mas carece de inscrição prévia para joao.duarte@cm-arouca.pt ou 256 943 321
Texto: Simão Duarte
Fotos: Ana Margarida Alves