Duelo de reencontros: Armando Evangelista reencontra o Arouca, Vasco Seabra o Famalicão
Pelas 18h00 deste sábado, o FC Arouca desloca-se a Vila Nova de Famalicão para um confronto da 11ª jornada com os famalicenses. Este jogo marca o reencontro dos dois treinadores com antigas equipas. Por um lado, Armando Evangelista, técnico do FC Famalicão, irá reencontrar o FC Arouca onde fez história: é o treinador com mais jogos pelo FCA na Primeira Liga, clube pelo qual conquistou o regresso à Primeira Liga e a qualificação para a Conference League. Por outro lado, Vasco Seabra reencontra o Famalicão, emblema pelo qual passou na temporada 17/18, garantindo a manutenção na Segunda Liga.
O histórico de confrontos entre ambas dá vantagem aos Lobos de Arouca (6 vitórias, dois empates e 3 triunfos para os famalicenses), contudo essa mesma vantagem refere-se quase exclusivamente aos encontros em casa, pois 5 das 6 vitórias foram arrecadadas no Municipal de Arouca, o que quer dizer que os arouquenses só venceram uma única vez na casa do adversário.
Estes foram os principais temas da conferência de imprensa de antevisão:
– Que Famalicão espera encontrar?
“Um Famalicão forte, que está a fazer um início de época forte, com muito poucas derrotas. No seu campo, só perdeu com o Sporting. É uma equipa muito forte, joga com muito envolvimentos dos adeptos, individualmente muito capaz. Nós vamos com a nossa ambição de ganhar. O Armando (Evangelista), espero que fique muito triste no final, é um amigo pessoal também, por isso nada de especial, faz parte do futebol. É óbvio que é uma figura incontornável do clube, e ainda bem que o é. Sinal de que passou cá e teve sucesso, tanto para o clube como para ele. É um feliz reencontro, mas o essencial aqui é focarmo-nos em nós, naquilo que nós controlamos. (…) Temos que estar no nosso melhor. Como temos vindo a falar desde a nossa chegada, competitividade interna, para depois podermos exteriormente sermos altamente competitivos nos jogos, com uma vontade muito grande de ganhar, cada duelo, lance, minuto de jogo, metro de relva. Ganhar tudo aquilo que vamos disputando, sermos altamente competitivos e termos uma ambição muito grande de jogar para ganhar.”
– A assimilação de processos e da identidade de jogo
“Nós em jogo já conseguimos sentir ideias que passamos e essa identidade que procurámos também. Uma identidade vencedora, de jogar para a frente, de querer atrair o adversário, até porque temos características de jogadores individualmente para o podermos fazer, mas ao mesmo tempo capazes de sermos dominantes no último terço do adversário, criar diversas situações de golo, tal como o fizemos (contra o SC Braga). Mas isto demora tempo até conseguimos que as coisas estejam bem entranhadas em nós, estas relações, ligações. Esta mentalidade vencedora, agressiva, competitiva, é uma coisa que demora o seu tempo. Independentemente disso, não nos refugiamos nisso e olhamos para os jogadores com essa ambição e orgulho. Já ficamos muito felizes com aquilo que foi a aproximação ao que queremos no último jogo. Claro que com mais 4 treinos, sentimos que voltamos a dar um passo em frente, temos expetativas positivas do que somos capazes de fazer e produzir também em Famalicão.”
– Neste momento, a par com o Nacional, o Arouca tem o pior ataque da liga. O Sylla no jogo passado marcou e o Famalicão é das “vítimas” preferidas do guineense, com 3 golos em 4 jogos. Esta correlação poderá fazer com que ele seja titular?
“Não faço esse tipo de abordagem (risos). Percebo-a e é natural da vossa parte, é sinal que fazem um bom trabalho, mas, para nós e para mim, o importante é como é que ele treina. O jogo é importante, é um momento importante, mas depois, todos os dias, são momentos muito importantes. Temos um plantel extenso, mas temos um plantel com qualidade e aquilo que lhes passo todos os dias não posso só dizer-lhes de boca. Eles têm de competir no limite. Quem não competir no limite está mais pronto para não jogar. Quem competir no limite está preparado para jogar. Depois se dos 27, de campo e que temos disponíveis para ir a jogo, todos treinarem num nível alto, então aí vamos à questão mais estratégica para o jogo, à questão de poder aproveitar a fragilidade do adversário ou não, à questão de na nossa forma de jogar este ou aquele encaixar melhor. Estas são as decisões que quero ter enquanto função de cada jogo e de cada adversário. Agora, o treinar, o trabalhar e o andar no limite são as dores de cabeça que eles têm de me dar para poderem depois estar preparados para as decisões que o treinador toma para ajudarem a equipa. Esse é que é o princípio basilar: ajudar a equipa. O que é que eu tenho de fazer? Ajudar o Arouca. Como é que o faço? A trabalhar no meu limite. E depois o treinador toma a decisão. Eu entro um minuto ou jogo cem, a minha proatividade tem de ser a mesma e o Sylla, felizmente, entrou no jogo e demonstrou muita vontade de ajudar a equipa. Felizmente ajudou. Está convocado para amanhã e, se jogar, que possa fazer quatro golos, um poker, e ficamos todos felizes (risos)”
– A vitória do Nacional na jornada passada colocou o Arouca na posição do play-off de manutenção. Sendo certo que estamos numa fase prematura do campeonato, mas este facto foi uma preocupação crescente na semana de treinos e na forma como vão encarar este jogo?
“É uma pergunta natural, mas vão começar a conhecer-me e a perceber que é uma das coisas para as quais olho pouco, para a tabela classificativa, principalmente numa fase tão inicial da época. Tal como vos disse anteriormente, tem a ver com a nossa mentalidade. Não pode ser se estamos em antepenúltimo ou em primeiro lugar. Não podemos mudar a nossa mentalidade, ou seja, se queremos jogar para ganhar, isso implica que quando estamos em antepenúltimo ou em primeiro temos de jogar para ganhar. Jogar para ganhar implica ser altamente agressivo, altamente competente, estar disponível para aquilo que são as informações que os treinadores passam, a forma como também nos mostram essa necessidade de querer aprender, crescer e evoluir o nosso jogo como equipa. Por isso, mais do que a posição na tabela e muito menos nesta fase, tem a ver com os valores que estamos a querer cultivar juntos, a forma como jogamos para ganhar e a forma como, obviamente, em termos de classificação queremos cresce passo a passo.”
– O autocarro da equipa amanhã não vai sozinho, pois haverá pelo menos um com adeptos do FCA. O que pensa da iniciativa?
“Em primeiro lugar, não sabia dessa campanha e, por isso, quando a vi, tenho de admitir que fiquei muito satisfeito com o André (diretor de comunicação) e com as pessoas do Arouca. Acho uma iniciativa extraordinária e esta nossa entrada ter este presente da administração é uma coisa que nos orgulha porque é uma ligação que queremos construir, nós com os adeptos e os adeptos connosco. Temos de ser exigentes porque não há ninguém mais exigente do que nós naquilo que queremos fazer, mas também sentimos essa exigência dos nossos adeptos, juntos queremos fazer algo diferente e melhor. A força deles, quer sejam dez, cem ou mil, toda essa força acabamos por senti-la e esse calor acaba por nos aproximar. (…) É um fator motivacional acrescido e, tal como as nossas exibições, queremos que vá crescendo todos os jogos e que possamos ter essa energia connosco.”
O boletim de ausências mantém: Matías Rocha, Galovic e Kouassi não vão a jogo e tudo indica que continuarão de fora durante algum tempo. Do lado famalicense, Sorriso e Yassir Zabiri são as duas ausências.
Texto e Foto: Simão Duarte