Desde a última vez que vos escrevi no mês passado, as coisas no universo do FCA alteraram-se subitamente. Numa fase em que o jogar arouquense já se consolidava, uma questão impactante abalava-o de forma constante, como constatado pelo antigo treinador Gonzalo García: a vontade.
Recordo-me que, contra o AFS, o Arouca voltava ao Estádio Municipal pela primeira vez desde há já algum tempo e as bancadas fizeram-se ouvir, apoiando a equipa, ainda que a posição na tabela e o jogo jogado pudessem ser bastante questionados pela massa adepta. E se os primeiros minutos poderiam ser descritos, com justeza, como totalmente controlados pelos Lobos de Arouca (fase em que chegaram à vantagem), no segundo tempo o crescimento exponencial da vontade avense não foi devidamente acompanhado pela equipa arouquense, que cedeu o empate e esteve bem perto de ceder uma derrota (em 3 minutos, Rodrigo Ribeiro, Vasco Lopes e Zé Luís quase marcaram).
Este susto foi abafado pela vitória na Póvoa de Lanhoso, mas voltou na forma de pesadelo no duelo canarinho contra o Estoril. O cenário do jogo anterior repetiu-se, mas desta vez com maior intensidade na escala de Richter, levando à derrocada do coletivo, que concedeu quatro tentos certeiros (um dos quais de grande nível – falo do livre de Holsgrove) a uma equipa que vivia um ambiente de cortar a faca.
No regresso a casa, caiu o treinador: Gonzalo García foi despedido dois dias após a derrota, deixando um balanço negativo. Para o seu lugar foi anunciado, um dia depois, Vasco Seabra, um técnico cujo currículo é abrangente em pegar em equipas quando estas já iniciaram o seu trajeto na Liga. Pegando no dizer que escolhi para título, espera-se que, com a mudança dos tempos, que trouxeram esta novidade, venha a mudança de vontade.
Para já, tal foi confirmado no último jogo. Ao contrário dos anteriores, em que quando o Arouca se colocava em vantagem sentia-se que a poderiam perder, no duelo contra o Braga os arouquenses lutaram bastante para reverter a desvantagem de dois golos. Foi só pena que os frutos disso (os tão desejados golos) só tenham sido colhidos em dose singular quando já era tarde, pois o empate a duas bolas era uma recompensa justa e mais que merecida.
Vasco Seabra chegou a Arouca sem prometer resultados. Fez bem, até porque nesta fase, independentemente da exigência do calendário, é mais importante a consolidação da ideia de jogo, a qual poderá sim trazer resultados e dos bons!
Crónica de opinião publicada a 8 de novembro