Cada mudança de mês é sinónimo de nova edição da Revista Lobos, uma adição do Departamento de Comunicação do FC Arouca, sob a tutela de André Nogueira, para esta época.
A quarta edição da Revista Lobos, referente ao mês de novembro, deu destaque a João Valido, guardião português de 24 anos, que se encontra ao serviço dos Lobos de Arouca deste o início da temporada 22/23. O mês de novembro é o mês no qual se comemora o Dia Mundial da Diabetes (14 de novembro) e, na grande entrevista intitulada “Dizem por Aí”, Valido falou da sua experiência pessoal com a doença, a conjugação do desporto profissional com os estudos e a saída da terra natal, Setúbal, para jogar na Primeira Liga em terras de Santa Mafalda.
Com formação e estreia profissional pelo Vitória FC, João Valido foi opção indiscutível entre os postes quando os sadinos militaram no Campeonato de Portugal (CP) e na Liga 3 (ano de estreia da competição). Apesar da tenra idade, deu nas vistas e, no final da temporada 2021/22, acabou por ser reconhecido como o melhor da sua posição no CP, algo que o orgulhou. No final da época seguida, existiram interessados em contratá-lo, mas apesar de alguma hesitação pessoal devido à mudança de ares, foi o FC Arouca a conseguir rubricar contrato com Valido. “Quando acabou essa minha temporada na Liga 3 com o Vitória Futebol Clube, os meus empresários falaram comigo sobre um interesse que existia de outro clube, que não o Futebol Clube de Arouca, e estávamos a ver qual seria a melhor opção. Depois apareceu o Futebol Clube de Arouca e acho que, desse esse momento, tanto eu como os meus empresários, nos viramos muito para aquela que era a proposta do clube e a minha possível mudança para cá. Demorou um pouco a acontecer, também devido a alguma incerteza da minha parte porque era a primeira vez que saía de casa. Mas foi, claramente, o melhor passo que podia ter dado na minha carreira e, sem sombra de dúvidas, que estou feliz por ter dado esse passo”, começou por declarar o guardião setubalense, que de seguida elogiou a paciência dos arouquenses para esperarem por ele e também a vila: “O Futebol Clube de Arouca desde muito cedo que demonstrou que queria muito a minha contratação e isso, no momento em que assinei o contrato, foi bastante importante. Acho que foi aí que percebi que tiveram paciência porque esperaram muito, se calhar até mais tempo do que podia imaginar que esperassem, e isso foi um sinal de que queriam mesmo que eu viesse…e ainda bem que foi isso mesmo que aconteceu. Hoje posso dizer, sinceramente, que foi o melhor sítio possível para mim. É uma vila pequena, mas com pessoas muito amáveis. As pessoas falam connosco sempre com enorme respeito e já fiz amigos que vão ficar para a vida”.
Para além de ser futebolista de profissão, João Valido está inscrito numa licenciatura em Gestão de Desporto, algo que teve de interromper quando chegou a Arouca, mas que entretanto já retomou: “Estava a estudar em Lisboa. Desde que vim para Arouca, parei e não fiz mais cadeira nenhuma. Este ano decidi voltar a estudar e inscrevi-me na Universidade da Maia e, até agora, tem corrido super bem. Todos os professores têm mostrado uma abertura incrível, que eu não estava à espera. Têm sido super atenciosos e compreensivos naquilo que envolve a articulação dos treinos com as aulas e com os testes.”
O guardião falou também da sua experiência pessoal em ser atleta e lidar com a Diabetes, salientando o forte apoio dos pais, que em muito contribuiu para a forma como agora lida bem com a doença. “Agora posso dizer que a doença não afeta o meu dia a dia. Desde que me lembro, sou diabético. Sou desde os 2 anos e acho que a parte mais difícil de passar e quem teve de a levar para a frente foram os meus pais. (…) Sempre servi de exemplo para os outros miúdos a quem apareciam a Diabetes e isso claramente é fruto do esforço e da dedicação que eles tiveram comigo. (…) Muitas pessoas têm a ideia errada do que é a doença e no que o desporto pode ajudar na doença. (…) Temos de compreender que esta doença apareceu e não se vai embora. Tento passar ao máximo essa mensagem e essas ideias de que se pode levar uma vida completamente normal, sem problemas associados. Uma pessoa diabética é também uma pessoa normal. Não faz nem mais nem menos do que uma pessoa que não tenha Diabetes. Por isso, hoje levo com normalidade e não influencia em nada o meu dia-a-dia.”
Estes foram outros dos destaques da edição 4 da Revista Lobos:
Texto: Simão Duarte
Foto: FC Arouca