Munícipe com mobilidade condicionada “descriminado” no Sorteio de Natal da Câmara

Carlos Barbosa revelou que a “altura da tômbola”, na LIT, e as condições de acesso ao espaço “não cumpriam” as normas 

Este ano, a campanha “Este Natal Compre em Arouca-Compre Local”, promovida pelo Município de Arouca contou com 4 sorteios realizados respetivamente nos dias 6, 13, 20, 27 de dezembro e 3 de janeiro. Carlos Barbosa, munícipe arouquense com mobilidade condicionada, contactou o DD para reportar o que para si foram momentos de discriminação, e falta de equidade, que viveu durante as suas tentativas de participar nas premiações.

No dia 20 de dezembro, data do 3.º sorteio, dirigiu-se à LIT, pelas 17h00, e ao perceber que o elevador estava avariado “há mais de uma semana”, que no piso inferior, (ao qual não teve acesso), a tômbola estava colocada em cima de uma palco/elevação com cerca de “50 cm”, e que para aceder a ela teria de “vencer degraus”, não tendo condições motoras para esse efeito, realizou uma reclamação no livro de reclamações. No mesmo dia, voltou, às 18h30, para colocar o talão, e ainda não tinham sido reunidas condições para o efeito, pelo que indicou.

Anteriormente, no 2.º sorteio, ocorrido a 13 dezembro, já “não teve” acesso à tômbola, “quer pela inoperacionalidade do elevador, quer pela altura da mesma”, realizando uma reclamação verbal. Paralelamente, e tal como relembrou, soma-se o facto de ter de ser o próprio concorrente a ter de introduzir o cupão na tômbola, tal como está descrito no artigo 8º /nº10 do regulamento do concurso, presente no site do Município.

“Fiz isso, pois há muitos velhinhos e pessoas como eu que não conseguiram colocar lá o cupão”

No dia 27, data do 4.º sorteio, regressou à LIT, pelas 14h30, e, apesar de o elevador já estar a funcionar, continuava a não conseguir aceder à estrutura de lotaria, por isso, realizou outra reclamação no livro de reclamações, às 14h50. Pelas 19h00, desse dia, voltou ao edifício para colocar os seus cupões, e fazendo a mesma exigência anterior, por não conseguir alcançar a tômbola, foi mandado “sair” por “um membro do executivo”, presente no local, que alegou que o estabelecimento “já estava fechado”, quando “no regulamento referia que a tômbola só fechava às 19h15”. Perante isto, o arouquense telefonou à GNR pedindo que se “deslocassem ao local e tomassem “conta da ocorrência”.  Já no local, os dois agentes da G.N.R, “negaram fazer o auto de ocorrência”, “pegaram na tômbola a peso e baixaram-na”, para que Carlos Barbosa colocasse o talão, e voltaram a colocá-la em cima do palanque. “Quem devia ter descido a tômbola era os funcionários públicos e não a GNR, assim como depois os mesmos agentes da G.N.R deviam ter recolocado a tômbola no palco/elevação. Fiz isso porque há muitos velhinhos e pessoas como eu que não conseguiram colocar lá o cupão, mas eu fui o único que fiz basqueiro”, confessou. O munícipe fez questão de acrescentar que devido ao sorteio ser acessível apenas “para alguns”, fica “em dúvida sobre a legalidade do mesmo”.

O DD também recebeu a informação, através do testemunho do arouquense, que “somente” esta semana,  “para o sorteio a realizar hoje, pelas 19h30, foi colocada uma outra tômbola no piso superior, para acesso a todas as pessoas”.

“As equipas do município e da AECA disponibilizaram-se para ajudar o munícipe”

Contactado pelo DD, sobre o assunto, o Município de Arouca confirmou as datas em que o munícipe se descolou à loja, assim como o problema técnico do elevador, que impossibilitou o mesmo de descer até ao piso inferir, no dia 20. Todavia referiram que lhe foi indicado “que poderia usar outras tômbolas acessíveis (nomeadamente a do supermercado Meu Super – Cavadinha)”.

Em ambos os dias, 20 e 27, a Câmara garantiu que “as equipas do Município e da AECA disponibilizaram-se para ajudar o Munícipe, compreendendo as suas razões e limitações”. Acrescentou que “foi instalada uma tômbola mais pequena no balcão da LIT, para possibilitar a acessibilidade a uma tômbola, também neste local”, e que “o Munícipe Carlos Barbosa foi um dos contemplados no sorteio de dia 13 de dezembro, o seu nome consta no 30.º cupão retirado da tômbola”, o que lhes indicia que “conhece os locais onde estão as tômbolas e a sua acessibilidade”.

Munícipe voltou a ter dificuldades em aceder à Assembleia Municipal

Carlos Barbosa também tentou aceder, mais uma vez, à Assembleia Municipal de Arouca, no passado dia 30 de dezembro, mas sem sucesso, por não conseguir “vencer o desnível da rampa sem corrimão em toda a sua extensão”.  Na referida Assembleia Municipal foi debatida a ilegalidade ou legalidade do atual equipamento existente que o Município adquiriu para a acessibilidade ao piso superior, todavia Carlos Barbosa salientou que não foi por isso que não participou na reunião, e sim porque “não” teve acesso ao “interior do Edifício da Câmara Municipal” tendo ficado “no exterior” sem que alguém lhe passasse “qualquer confiança”. Perante isto chamou igualmente a GNR, para ter testemunhas do seu “abandono”, no local, e para registar a “ocorrência”.

O arouquense aproveitou para agradecer ao deputado do PSD Rui Vilar, “que até à data e em Várias Assembleias Municipais, incluindo na última, fez constar estar presente uma pessoa de Mobilidade Reduzida para participar na Assembleia Municipal, e sem acesso ao local”.

Texto: Ana Castro

Fotos: DR

 

 

 

 

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